quinta-feira, 22 de maio de 2025

4 P's para criar um Apego Seguro

     Depois de ler os artigos anteriores acerca dos estilos de apego é impossível continuar a pensar que as crianças enquanto são pequenas não percebem nada do que acontece ao seu redor ou que não se lembrarão de nada quando crescerem! Anos e anos de estudos científicos o comprovam!

    Apesar de, em muitas situações, não possuírem memória declarativa sobre certos acontecimentos da sua infância, as memórias implícitas estão lá para lembrar o cérebro das suas experiências de vida e da necessidade ou não de se proteger e afetam a forma como se comporta e se relaciona!

 

A verdade é que tudo o que acontece na infância não fica na infância! 



Assim, para a criação de um apego seguro podemos nos inspirar nos 4 P's:

1.  Proximidade (presença de qualidade, conexão)

2.  Proteção (os pais são agentes de segurança e cuidam dos filhos)

3. Previsibilidade (os pais são estáveis e conseguem dar um nível de previsibilidade nos cuidados e nas rotinas)

4. Play (BRINCAR, é uma necessidade básica das crianças, um pilar no desenvolvimento socioemocional)


Não precisamos de ser pais perfeitos, mas sim pais presentes e conscientes!


É importante ressaltar que o apego é algo evolutivo e pode mudar ao longo da vida, podendo até ser situacional. E em qualquer idade é possível criar um apego seguro.


Se este tema suscitou maior curiosidade ou se se identificou com algum tipo de apego inseguro, saiba que pode, com ajuda terapêutica, desenvolver maior segurança nos seus relacionamentos, inclusive no seu consigo próprio. 

Apego evitativo e Apego Desorganizado

 Apego evitativo



  • O Cuidador:

    Minimiza, ignora ou até pune os sinais emocionais da criança em momentos que a criança precisava da sua ajuda, desencorajando a expressão das suas necessidades e fazendo com que ela evite procurá-lo novamente no futuro ("É preciso chorar por causa disso?" "Continuas a chorar e vais ficar de castigo").

    O cuidador até pode estar presente, mas é uma presença muito baseada em tarefas, dependente de algumas condições, como por exemplo, só recebe o mínimo de atenção desde que se comporte "bem".

 

  • Características

    Na infância a criança...

    - parece uma criança muito autónoma e resolvida (às vezes precocemente);

   - pode ignorar ou evitar os pais, não mostrando preferência entre eles e desconhecidos, e pode parecer indiferente em momentos de necessidade;

    - evita a proximidade emocional e a dependência dos pais;

    - reprime as emoções e pode ter dificuldades em expressar vulnerabilidade;

    - dificuldade de expressão facial coerente com a vivência emocional;

    - pode ter dificuldade em confiar nos outros e desconfiar das intenções alheias;

  - pode se tornar defensiva quando abordada sobre os seus sentimentos ou relacionamentos;

      - pode ter dificuldades em formar vínculos emocionais profundos e duradouros. 

 

Em adulto:

    - muito independentes e autossuficientes (excessivamente);

    - tendência a se sobrecarregar com trabalho e sobrevalorizar a carreira;

    - dificuldade em reconhecer as suas próprias necessidades emocionais e pessoais;

    - recusam a aprofundar os relacionamentos por medo de se “prender” a alguém;

    - podem querer se relacionar profundamente com outras pessoas mas sentem um grande desconforto pelo medo de serem magoados;

    - têm grande dificuldade de expressar os seus sentimentos;

    - valorizam os bens materiais em detrimento dos relacionamentos;

    - procuram frequentemente o isolamento ou atividades mais solitárias (e assim se desligam da conexão com o outro...);

    - frequentemente há dificuldade no contacto visual;

    - tendência a ser mais analíticos;

    - soft skills habitualmente pouco desenvolvidas;

    - quando há qualquer mínimo desconforto nos relacionamentos, desconecta-se.

 


                                            Apego desorganizado


  • O Cuidador:

    Pode agir de forma incoerente, confusa e/ou assustadora. Pratica alguma forma de violência, recorre frequentemente à ameaça, impedindo a criança de construir uma base de segurança mínima. Há habitualmente um padrão inconsistente de cuidados, sendo os cuidadores fonte de medo.

 

  • Características

     Na infância a criança...

    - apresenta uma mistura confusa e contraditória de comportamentos, como evitação e busca por contacto do cuidador, porque há a necessidade de apego mas simultaneamente a criança está num funcionamento de sobrevivência onde precisa de se proteger pois aprendeu que não pode confiar no outro para que isso aconteça;

  - tende à desregulação emocional e comportamental, alternando entre explosões emocionais ou uma completa apatia;

    - pode exibir comportamentos de oposição, hostilidade ou agressão;

    - tem muita dificuldade nos processos de socialização e em confiar nas pessoas;

    -  costuma ter sentimentos de inferioridade, manifestados em comportamentos de timidez e medo (incluindo medo intenso de falhar);

     - sentem desconforto no contacto físico, particularmente com os adultos;

     - a tristeza, a indiferença e a irritação estão frequentemente expressas no seu rosto;

      - apresentam graves problemas de atenção e concentração;

    - oscila facilmente entre as características de apego evitativo e ansioso, de uma forma mais acentuada;

      - com frequência reúne critérios diagnósticos para perturbação de ansiedade, depressão e perturbação de comportamento e/ou conduta.

              

Em adultos:

(com maior ou menor expressividade)

    - frequentemente envolvem-se em comportamentos ou situações de alto risco;

    - frequentemente entram em relação abusivas (não conheceram outro padrão);

    - mudanças inesperadas de humor;

    - comportamento egoísta e controlador (numa busca por previsibilidade e segurança);

    - dificuldade em se conectar com relações saudáveis;

    - forte tendência à impulsividade, agressividade e conflitos;

    - esforço por se sentir seguro na relação com o/a parceiro/a amoroso/a, mesmo quando sabe que é alguém altamente confiável;

    - bloqueios de memória de períodos ou eventos importantes;

    - sente que vai sempre falhar ou é incapaz de resolver problemas.

 



 

 

 

 

Estilos de Apego Inseguro: O Apego Ansioso


“Quando bebés, precisamos dos nossos pais (ou cuidadores) para sobreviver; não temos escolha em relação a isso. Nós adaptamo-nos de acordo com as suas capacidades ou à falta delas. Respondemos e crescemos de acordo com aquilo que funciona ou que não funciona no nosso contexto de cuidado.

Não importa qual o estilo de apego que incorporamos, eu penso que o facto de nos adaptarmos da melhor forma que podemos é digno de respeito e valor, e em algum nível digno de admiração pelo dilema que cada criança vive.

No melhor dos cenários, vivemos e crescemos numa família abençoada com o apego seguro. Se não, não temos escolha a não ser nos adaptarmos às limitações dos nossos cuidadores e nos adaptarmos da melhor forma possível para manter a nutrição das nossas necessidades de apego, mesmo que isso signifique, paradoxalmente, nos desligarmos da nossa necessidade de conexão.”

Diane Poole Heller




   Os apegos considerados “inseguros” são também conhecidos como apegos adaptativos, uma vez que eles surgem da necessidade da criança se adaptar ao meio, quando as contingências não são favoráveis ao seu desenvolvimento saudável.

        Assim, poderão desenvolver um dos 3 tipos de Apego Inseguro, sobre os quais faremos  uma breve  análise do cuidador, características que se evidenciam na infância e nos adultos (neste e próximo artigo).



Apego Ansioso

  • O Cuidador:

    Os seus cuidados oscilam entre sobreproteção e negligência, levando a criança a sentir que nunca sabe o que pode esperar, se pode ou não desenvolver confiança nos relacionamentos.

 

  • Características:

    - na infância a criança...

   - demonstra uma intensa necessidade de proximidade do cuidador e sente uma grande angústia e ansiedade na separação do mesmo quando este não está presente;

    - tem dificuldade em se acalmar após o reencontro;

    - Para garantir a presença e a atenção do cuidador, as crianças com apego ansioso podem apresentar comportamentos como chorar, agarrar-se, gritar ou tentar controlar a situação;

    - apresenta um padrão de desconfiança de estranhos;

  - pode ter dificuldade em lidar com a frustração, reagindo de forma exagerada ou emocionalmente instável. 

 

    Em adulto:

   - dificuldade em estabelecer relacionamentos saudáveis, sentindo-se inseguro e com medo de serem abandonado;

    - a pessoa deseja proximidade com a pessoa alvo do seu apego (amigo/a, namorado/a,  etc), mas ao mesmo tempo mantém sentimentos de resistência, como raiva e necessidade de punir o outro;

    - sensação permanente de ter de se preparar para o que pode vir a correr mal;

    - hiperfoco no outro, podendo levar a uma dinâmica de dependência emocional;

    - dificuldade em dizer “não”, em colocar limites;

    - tem medo de desagradar e por isso tenta sempre encaixar no mundo do outro, perdendo-se de si próprio/a (baixa autoconsciência e autoconceito);

  - elevada sensibilidade à percepção de rejeição/abandono, podendo se tornar facilmente ciumentos e desconfiados;

   - manifestação de choro fácil, um padrão de reclamação persistente e até chamar à atenção por adoecimento físico para se sentir ouvido ou visto;

    - vive num paradoxo entre a necessidade de conexão e a crença de que nunca será possível;

    - necessita de atos de reafirmação de segurança (envio de sms ao longo do dia, telefonemas, etc);

   - tendência a minimizar as tentativas de conexão, podendo por vezes desenvolver até formas de as sabotar, pelo medo de sofrer (dissonância cognitiva).

        

        Ao perpetuar estes comportamentos disfuncionais a pessoa acaba por afastar as pessoas de si, confirmando o seu medo de abandono. Isto reforça o ciclo, pautado por muita angústia.

 









quarta-feira, 21 de maio de 2025

Apego Seguro

 

Apego Seguro

“Se queremos uma criança independente e autoconfiante, teremos que tentar estabelecer um relacionamento seguro com ela. Isso significa estar presente e disponível, 
compreender e responder às suas necessidades como tal.”

-Mariel Bonnefon-





Neste tipo de apego...

  • O Cuidador:

    Reage de forma consistente, rápida e amorosa. Responde às necessidades da criança, criando um ambiente seguro e estável, comunica de forma clara e eficaz, incentiva a autonomia e independência da criança e cria oportunidades para a criança interagir com os outros de forma saudável e aprender a lidar com as emoções.

 

  • Características:

      Na infância a criança...

     - sente-se tranquila para explorar novas situações e desenvolver competências;

     - não teme novidades porque sente que tem sempre alguém para ajudar;

     - sente e demonstra a falta do cuidador. Procura e alegra-se com o seu reencontro;

     - inicia e procura o contato físico;

     - tem os limites bem definidos;

     - tem boas competências sociais;

    - tem uma boa neurocepção de segurança (não está sempre à procura do perigo, tem uma boa noção de segurança e quando não é seguro ela consegue identificar)

      - demonstra congruência entre o que pensa, sente e faz.

    Naturalmente, ao longo do desenvolvimento procuram suporte quando é preciso e vão oferecê-lo também, porque trazem isso na sua bagagem emocional de forma bem estabelecida, como algo natural.

 

    Em adultos:

    - sabem equilibrar a sua necessidade de independência com a necessidade de intimidade e proximidade nos seus relacionamentos - conectam-se com as outras pessoas de forma saudável;

    - conseguem pensar com flexibilidade;

    - têm uma visão positiva de si mesmos e dos outros, o que contribui para relacionamentos mais saudáveis e equilibrados;

    - percebem as diferentes possibilidades e estão confortáveis com as diferenças no contacto com os outros;

    - são resolutivos na forma como lidam com os seus conflitos;

    - expressam os seus sentimentos e necessidades de forma clara e honesta;

    - são pessoas resilientes.


domingo, 18 de maio de 2025

A Neurobiologia do Apego

 





        O ser humano quando nasce é totalmente dependente dos cuidadores! Daí vem a necessidade de se vincular. Este vínculo aos cuidadores primários designa-se de apego, constitui um imperativo biológico nos primeiros estágios de vida e marca a saúde mental ao longo da vida.

    Nesta interação com os cuidadores, sobretudo nos primeiros 3 anos de vida, desencadeiam-se vários processos e desenvolvem-se conexões entre os sistemas neurais, hormonais e comportamentais.

        🧠 Bases neurais do Apego:

- sistema límbico: centro das emoções, onde o hipocampo e a amígdala processam memórias emocionais e respostas ao stress relacionadas ao apego;

- córtex pré-frontal: responsável pela regulação emocional, atenção e concentração, memória de trabalho, flexibilidade cognitiva e tomada de decisões nos relacionamentos;

- circuito de recompensa: o sistema dopaminérgico cria sensações prazerosas durante interações positivas com figuras de apego, reforçando os comportamentos de busca por proximidade e cuidado.

        🧠 Neurotransmissores e hormonas:

- ocitocina: facilita a vinculação e confiança;

- vasopressina: contribui para comportamentos de apego, especialmente em vínculos afetivos de longo prazo;

- cortisol: hormona do stress, que se eleva durante a separação das figuras de apego;

- endorfinas: geram a sensação de bem-estar durante o contacto com as figuras de apego.

        

Deste modo, a neurobiologia do apego vem confirmar a profunda relação entre as experiências de apego, o funcionamento cerebral e a saúde mental. Padrões de apego inseguros, podem ter consequências negativas na saúde mental, como perturbação de ansiedade, depressão e até dificuldades nos relacionamentos ao longo da vida, uma vez que os apegos criados posteriormente (sejam amigos ou parceiros amorosos), reutilizam o mecanismo básico estabelecido pelo vínculo inicial com os cuidadores primários durante a infância. 

segunda-feira, 12 de maio de 2025

DISTÚRBIOS DE SONO EM PEDIATRIA - INSÓNIAS, PARASSÓNIAS E OUTROS.

Como pediatra, gostaria de partilhar convosco informações sobre um tema fundamental para o desenvolvimento saudável dos vossos filhos: o sono. A qualidade do sono afeta diretamente o crescimento, o desempenho escolar e até o humor das crianças e adolescentes. Vamos descobrir como proporcionar-lhes noites tranquilas e reparadoras.

PORQUE É QUE O SONO É TÃO IMPORTANTE?
O sono não é apenas um período de descanso – é um processo ativo e essencial durante o qual:

• O cérebro consolida as aprendizagens e fixa memórias
• É libertada a hormona do crescimento, fundamental para o desenvolvimento
• O sistema imunitário é fortalecido, protegendo contra infeções
• São processadas as emoções, contribuindo para o equilíbrio emocional

Quando uma criança dorme mal, pode manifestar irritabilidade, dificuldades de concentração, diminuição do rendimento escolar e até maior tendência para o aumento de peso.

QUANTO TEMPO DEVEM DORMIR?
  • 0-1 ano: 14-17 horas
  • 1-2 anos: 11-14 horas
  • 3-5 anos: 10-13 horas
  • 6-12 anos: 9-11 horas
  • 13-17 anos: 8-10 horas
Nota importante: Se o seu filho dorme habitualmente menos 1 hora que o mínimo recomendado, vale a pena discutir esta situação na próxima consulta.

COMO FUNCIONA O SONO?
O sono organiza-se em ciclos que alternam entre as fases REM (Rapid Eye Movement) e NREM (Non-REM). Cada ciclo dura aproximadamente 90 minutos e repete-se 4 a 6 vezes por noite.

•  NREM Fases 1-2: Sono leve, em que é fácil acordar
• NREM Fase 3: Sono profundo, essencial para a reparação dos tecidos e libertação da hormona do crescimento
• REM: Fase em que ocorrem os sonhos mais vívidos e o cérebro processa emoções e memórias

É interessante notar que as crianças pequenas passam mais tempo em sono profundo NREM para suportar o crescimento, enquanto os adolescentes necessitam de mais sono REM para consolidar as aprendizagens.

PROBLEMAS DE SONO MAIS FREQUENTES

INSÓNIA COMPORTAMENTAL
O que é? A criança tem dificuldade em adormecer ou acorda frequentemente durante a noite porque desenvolveu associações inadequadas para adormecer (como precisar de colo, telemóvel ou uma canção específica).

Sinais a que deve estar atento:
• Demora mais de 30 minutos a adormecer
• Pede repetidamente "só mais uma história!"
• Desperta várias vezes durante a noite

Causas habituais:
• Rotinas inconsistentes
• Utilização de ecrãs antes de deitar
• Ansiedade de separação

Como ajudar:
1. Estabelecer uma rotina fixa (jantar leve, banho morno, história curta).
2. Aplicar a técnica de "bedtime fading" - adiantar a hora de deitar 10 minutos por dia até atingir o horário desejado.
3. Praticar a extinção gradual - ignorar protestos ligeiros, mas confortar se o choro for intenso.
4. Em casos específicos, a melatonina pode ser útil, mas apenas sob orientação médica.

PARASSONIAS (EVENTOS ANORMAIS DURANTE O SONO)



APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO (SAOS)
Sinais principais:
• Ressonar intenso quase todas as noites
• Pausas na respiração (os pais observam "engasgos")
• Sono agitado em posições pouco naturais (pescoço em hiperextensão)

Durante o dia, a criança pode apresentar:
• Sonolência ou, paradoxalmente, hiperatividade
• Dificuldades de concentração e diminuição do rendimento escolar
• Atraso no crescimento e cefaleias matinais

Causas mais comuns:
• Hipertrofia das amígdalas e/ou adenoides, obesidade, alergias nasais.

Tratamento:
• Cirurgia para remoção das adenoides/amígdalas
• CPAP (máscara que mantém a via aérea aberta durante o sono)
• Perda de peso, quando indicado
• Tratamento das alergias nasais

SÍNDROME DAS PERNAS INQUIETAS (RLS)
A criança relata sensações desconfortáveis nas pernas e uma necessidade irresistível de as movimentar, especialmente ao anoitecer. Os sintomas aliviam com o movimento. Existe frequentemente história familiar.

Pode estar associada a:
• Níveis baixos de ferro (ferritina < 50 ng/mL)
• Deficiência de vitamina D

Abordagem:
1. Realizar análises sanguíneas
2. Se a ferritina estiver baixa, suplementar com ferro (≈ 3 mg/kg/dia) durante 2-3 meses
3. Praticar alongamentos antes de dormir
4. Evitar cafeína e bebidas energéticas

ATRASO DO RITMO CIRCADIANO
Mais frequente em adolescentes, que se sentem mais ativos à noite e têm dificuldade em acordar cedo.

Pistas:
• Adormecem após a 1h da manhã e, aos fins de semana, dormem até tarde

Como gerir:
• Exposição à luz solar matinal
• Reduzir a luminosidade e desligar os ecrãs à noite
• Melatonina em baixa dose, 2-3 horas antes da hora desejada para adormecer

Sinais de alarme — quando consultar um especialista
• Demorar mais de 30 minutos a adormecer e acordar mais de 3 vezes por noite durante mais de 3 semanas
• Ressonar intenso com pausas na respiração
• Sonolência diurna que interfere com as atividades escolares
• Parassónias que colocam a criança em risco (cair da cama, sair de casa)
• Puberdade atrasada ou crescimento lento sem causa aparente

Higiene do sono — conselhos práticos
1. Manter horários regulares para deitar e levantar, mesmo aos fins de semana
2. Desligar todos os ecrãs 60 minutos antes de dormir
3. Criar um ambiente propício ao sono: quarto escuro (cortinas blackout), fresco (18-20°C) e silencioso
4. Praticar exercício físico diariamente, mas evitar atividade intensa nas 2 horas antes de deitar
5. Eliminar cafeína depois das 16h (presente em café, chá preto, cola, bebidas energéticas)
6. Optar por um jantar leve, evitando alimentos fritos e com muito açúcar
7. Tomar um banho morno 30 minutos antes de deitar ajuda a relaxar
8. Estabelecer um ritual curto de preparação para o sono (livro ou música calma, máximo 15 minutos)

Exemplo de rotina para os 30 minutos antes de deitar:
30 min Desligar todos os ecrãs
25 min Lavar os dentes
20 min Vestir o pijama
15 min Leitura tranquila
0 min Apagar a luz

MITOS COMUNS SOBRE O SONO
1. "Quanto mais tarde adormecer, mais cansada fica e dorme melhor."
Falso! O excesso de cansaço pode dificultar o adormecimento.

2. "Ressonar é normal nas crianças."
Falso! Pode indicar apneia do sono e merece avaliação.

3. "A luz azul do telemóvel não afeta o sono."
Falso! Bloqueia a produção de melatonina, hormona essencial para o sono.

4. "Os suplementos de melatonina são sempre seguros."
Falso! Devem ser utilizados apenas com indicação médica.

PALAVRA FINAL
O sono de qualidade é fundamental para o desenvolvimento equilibrado dos vossos filhos. Problemas como a insónia, as parassonias e a apneia são frequentes mas, felizmente, tratáveis. Estabelecer rotinas consistentes e criar um ambiente adequado são passos importantes para melhorar a qualidade do sono. Se observarem algum dos sinais de alarme mencionados, não hesitem em procurar ajuda profissional. Como pediatra, estou disponível para esclarecer as vossas dúvidas e ajudar os vossos filhos a conseguirem noites tranquilas e reparadoras. Porque uma criança que dorme bem tem tudo para crescer feliz e saudável!

Nota: Este artigo tem carácter informativo e não substitui a avaliação médica.

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