“Quando bebés, precisamos dos nossos pais (ou cuidadores) para sobreviver; não temos escolha em relação a isso. Nós adaptamo-nos de acordo com as suas capacidades ou à falta delas. Respondemos e crescemos de acordo com aquilo que funciona ou que não funciona no nosso contexto de cuidado.
Não importa qual o estilo de apego que incorporamos, eu penso que o facto de nos adaptarmos da melhor forma que podemos é digno de respeito e valor, e em algum nível digno de admiração pelo dilema que cada criança vive.
No melhor dos cenários, vivemos e crescemos numa família abençoada com o apego seguro. Se não, não temos escolha a não ser nos adaptarmos às limitações dos nossos cuidadores e nos adaptarmos da melhor forma possível para manter a nutrição das nossas necessidades de apego, mesmo que isso signifique, paradoxalmente, nos desligarmos da nossa necessidade de conexão.”
Diane Poole Heller
Os apegos considerados “inseguros” são também conhecidos como apegos adaptativos, uma vez que eles surgem da necessidade da criança se adaptar ao meio, quando as contingências não são favoráveis ao seu desenvolvimento saudável.
Assim, poderão desenvolver um dos 3 tipos de Apego Inseguro, sobre os quais faremos uma breve análise do cuidador, características que se evidenciam na infância e nos adultos (neste e próximo artigo).
Apego Ansioso
- O Cuidador:
Os seus cuidados oscilam entre
sobreproteção e negligência, levando a criança a sentir que nunca sabe o que
pode esperar, se pode ou não desenvolver confiança nos relacionamentos.
- Características:
- na infância a criança...
-
demonstra uma intensa necessidade de proximidade do cuidador e sente uma grande
angústia e ansiedade na separação do mesmo quando este não está presente;
-
tem dificuldade em se acalmar após o reencontro;
- Para
garantir a presença e a atenção do cuidador, as crianças com apego ansioso
podem apresentar comportamentos como chorar, agarrar-se, gritar ou tentar
controlar a situação;
-
apresenta um padrão de desconfiança de estranhos;
- pode ter
dificuldade em lidar com a frustração, reagindo de forma exagerada ou
emocionalmente instável.
Em adulto:
- dificuldade em
estabelecer relacionamentos saudáveis, sentindo-se inseguro e com medo de
serem abandonado;
- a pessoa deseja
proximidade com a pessoa alvo do seu apego (amigo/a, namorado/a, etc),
mas ao mesmo tempo mantém sentimentos de resistência, como raiva e necessidade
de punir o outro;
- sensação
permanente de ter de se preparar para o que pode vir a correr mal;
- hiperfoco no
outro, podendo levar a uma dinâmica de dependência emocional;
- dificuldade em
dizer “não”, em colocar limites;
- tem medo de
desagradar e por isso tenta sempre encaixar no mundo do outro, perdendo-se de
si próprio/a (baixa autoconsciência e autoconceito);
- elevada sensibilidade à percepção de rejeição/abandono, podendo se tornar facilmente ciumentos e desconfiados;
- manifestação de choro fácil, um padrão de reclamação persistente e até chamar à atenção por adoecimento físico para se sentir ouvido ou visto;
- vive num
paradoxo entre a necessidade de conexão e a crença de que nunca será possível;
- necessita de
atos de reafirmação de segurança (envio de sms ao longo do
dia, telefonemas, etc);
- tendência a
minimizar as tentativas de conexão, podendo por vezes desenvolver até formas de
as sabotar, pelo medo de sofrer (dissonância cognitiva).
Ao perpetuar estes comportamentos disfuncionais a pessoa acaba por
afastar as pessoas de si, confirmando o seu medo de abandono. Isto reforça o
ciclo, pautado por muita angústia.
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