domingo, 13 de abril de 2025

O SONO DO LACTENTE ATÉ AOS 3 ANOS. ENTRE O ACONCHEGO E A AUTONOMIA.

Depois dos primeiros meses de vida, o sono da criança começa a transformar-se significativamente. O que antes era fragmentado e imprevisível torna-se mais estável, com ciclos mais longos e uma crescente consolidação do sono noturno. Mas com essa transição, surgem também novos desafios: regressões, birras, despertares noturnos, ansiedade de separação e a famosa “resistência à hora de dormir”. Nesta fase – dos 4 meses até aos 3 anos – a criança percorre um percurso intenso de maturação neurológica, emocional e comportamental. Neste artigo, exploramos as etapas esperadas do sono, os fenómenos típicos (como os despertares frequentes aos 8 meses ou o abandono das sestas) e como os cuidadores podem promover um sono saudável e tranquilo para toda a família. 

 1. O SONO DO LACTENTE: ETAPAS-CHAVE 

Dos 4 aos 6 meses: primeiros progressos
Nesta fase, muitos bebés começam a dormir blocos noturnos de 6 a 8 horas seguidas. 
O total de sono diário ronda as 12 a 16 horas, incluindo 2 a 3 sestas diurnas. 
O ritmo sono-vigília torna-se mais regular com o amadurecimento do sistema nervoso central. 
Começam a adormecer com menos ajuda dos pais – e muitos conseguem voltar a dormir sozinhos após pequenos despertares. 

Dos 6 aos 12 meses: consolidação e regressões 
O sono noturno passa a representar a maior parte das horas dormidas. As sestas estabilizam em duas por dia. 
Entre os 8 e os 10 meses, é comum surgirem regressões do sono ligadas à ansiedade de separação, surgimento de novos marcos (engatinhar, ficar em pé, primeiras palavras). 
Mesmo bebés que já dormiam bem podem passar a acordar mais frequentemente – isso é normal e, na maioria das vezes, transitório. 

Dos 12 aos 24 meses: maior estabilidade com novas lutas 
A maioria das crianças dorme entre 11 e 14 horas por dia, distribuídas entre uma longa noite e uma ou duas sestas. 
Por volta dos 15-18 meses, há uma transição natural de duas sestas para apenas uma. 
Os despertares noturnos tornam-se menos frequentes, mas ainda podem ocorrer por fome, sede, sonhos, dentição ou desejo de proximidade.  

Dos 2 aos 3 anos: imaginação vívida e insónia comportamental 
Nesta idade, o sono noturno dura entre 10 e 11 horas, e a criança faz geralmente uma sesta após o almoço (1-2h). 
A criatividade floresce e surgem pesadelos ocasionais ou medos à hora de dormir. 
Pode também surgir a chamada “insónia comportamental por ausência de limites” – a criança tenta adiar a hora de dormir com pedidos constantes, resistência ou birras.  

2. DESAFIOS COMUNS NESTA FASE 

Regressões do sono
Ocorrem normalmente aos 4, 8, 12 e 18 meses. Caracterizam-se por um aumento súbito de despertares e dificuldade em adormecer. Estão relacionadas com marcos de desenvolvimento, picos de crescimento e mudanças de rotina. 

Associações negativas de adormecimento 
Se o bebé adormece sempre ao colo, a mamar ou no carro, poderá acordar a meio da noite a pedir exatamente o mesmo ambiente para voltar a adormecer. 

Medos e pesadelos 
A partir dos 2 anos, os medos tornam-se mais claros: escuro, monstros, separação dos pais. Os pesadelos podem perturbar o sono e exigir conforto. 

Transição para o quarto próprio ou para a cama 
Essa mudança é marcante. Exige adaptação e pode desencadear insegurança ou resistências. 

3. HIGIENE DO SONO: O QUE FAZER ATÉ AOS 3 ANOS? 

Manter horários regulares 
Defina uma hora de deitar e acordar estáveis, mesmo aos fins de semana. 
Esta previsibilidade ajuda a regular o ritmo circadiano e evita que a criança fique demasiado cansada (o que dificulta o sono).  

Criar uma rotina noturna tranquila e repetitiva 
Duração: cerca de 20-30 minutos. 
Exemplo: banho morno → colocar pijama → escovar os dentes → ler uma história ou cantar uma canção → luz reduzida. 
O ritual deve ser sempre igual e sem ecrãs ou brincadeiras agitadas. 

Favorecer o adormecer autónomo 
Tente que a criança adormeça ainda acordada, mas sonolenta, para aprender a acalmar-se sozinha. 
Pode usar uma técnica de afastamento gradual (ex.: sentar ao lado da cama e afastar-se mais a cada noite). 
O uso de um objeto de transição (peluche, fralda) ajuda a criar segurança. 

Reagir com consistência aos despertares 
Se a criança acordar à noite, tranquilize com breves interações (voz suave, contacto físico breve) mas evite “recomeçar o ritual” completo. 
O objetivo é mostrar que ainda é hora de dormir, sem reforçar o comportamento de chamada constante. 

Adaptar-se às fases especiais 
  Durante doenças, viagens ou mudanças importantes, o sono pode regredir temporariamente. 
O importante é retomar a rotina habitual o mais cedo possível após o evento. 

Manter um ambiente adequado ao sono 
Quarto escuro ou com luz de presença fraca (amarela). 
Temperatura confortável. 
Berço ou cama segura e sem distrações visuais excessivas. 
Evitar brincadeiras intensas ou televisão dentro do quarto. 

4. CONCLUSÃO 

O sono dos 4 meses aos 3 anos é como uma dança: por vezes harmoniosa, por vezes caótica – mas sempre em transformação. Os pais têm um papel central ao estabelecer limites suaves, rotinas estáveis e muito afeto. Compreender as etapas do desenvolvimento do sono permite agir com realismo e tranquilidade. E com isso, noites mais serenas tornam-se cada vez mais possíveis. 

E aí em casa? Como correu esta fase com o vosso filho?
 
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– as vossas experiências são valiosas para todos! 


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