sexta-feira, 21 de março de 2025

Convulsões Febris: o que são e como lidar com elas.

As convulsões febris são episódios que podem ocorrer em crianças pequenas durante quadros febris. Apesar de assustarem bastante os pais e cuidadores, geralmente são benignas, passam espontaneamente e não deixam sequelas. Este artigo visa esclarecer o que são convulsões febris e como agir adequadamente perante estes episódios.

O que são convulsões febris?

As convulsões febris são crises convulsivas que ocorrem, sensivelmente, em crianças entre os 6 meses e os 6 anos de idade, associadas à presença de febre, sem evidência de infeção do sistema nervoso central ou outra causa neurológica aguda identificável. Representam a forma mais comum de convulsão na infância, afetando aproximadamente 2-5% das crianças nesta faixa etária.

Tipos de convulsões febris

Simples: Duração inferior a 10 minutos, não recorrentes em 24 horas e generalizadas (envolvem todo o corpo).

Complexas: Duração superior a 10 minutos, podem ocorrer mais de uma vez em 24 horas e podem ser focais (afetando parte do corpo).


Como agir durante uma convulsão febril

1. Mantenha a calma: Lembre-se de que, geralmente, as convulsões febris são benignas.

2. Retire roupas apertadas para facilitar a respiração e mobilização. 

3. Coloque a criança de lado numa superfície segura: esta posição ajuda a manter as vias aéreas desobstruídas e previne a aspiração de saliva ou vómito.

4. Aplique antipirético em supositório e medicação em SOS prescrita pelo médico para aplicação também retal (diazepam).

5. Não segure a criança à força: permita que a convulsão siga o seu curso natural. Não coloque objetos na boca: Isso pode causar lesões e não evita mordeduras na língua.

6. Ligue o 112 caso seja um primeiro episódio.

7. Caso seja uma situação já diagnosticada, mantenha a calma e cronometre a duração da convulsão: se durar mais de 5 minutos, ligue o 112.

 

Após a convulsão

É perfeitamente normal que a criança apresente sonolência ou confusão após um episódio convulsivo. Permita que descanse adequadamente e monitorize a sua recuperação com atenção.

Quando procurar ajuda médica

Se a convulsão durar mais de 5 minutos.

Se a criança apresentar dificuldade para respirar após a convulsão.

Se a convulsão for focal ou ocorrer mais de uma vez em 24 horas.

Se a criança tiver menos de 6 meses ou mais de 5 anos.

Se houver sinais de infeção grave, como rigidez de nuca, vómitos persistentes ou erupções cutâneas.

Medidas preventivas

Embora não seja possível prevenir todas as convulsões febris, algumas medidas podem ajudar:

Controlo da febre: administre antipiréticos conforme orientação médica e mantenha a criança hidratada.

Atenção a infeções: procure atendimento médico para tratar adequadamente infeções que possam causar febre.

Conclusão
As convulsões febris, apesar do seu impacto visual alarmante, são geralmente inofensivas e não provocam danos neurológicos permanentes. É essencial que os pais saibam como agir durante uma convulsão e quando procurar ajuda médica. Manter a calma e estar informado são passos fundamentais para o bem-estar da criança.

Nota: Este artigo é informativo e não substitui a orientação médica. Em caso de dúvidas ou preocupações, consulte um profissional de saúde.

terça-feira, 18 de março de 2025

Doenças Exantemáticas na Infância: Parte 3 – Eritema Infecioso e Doença Pés-Mãos-Boca

Dando continuidade à nossa série sobre doenças exantemáticas infeciosas na infância, abordaremos nesta terceira e última parte o Eritema Infecioso e a Doença Pés-Mãos-Boca. São muito comuns em crianças e caracterizam-se por erupções cutâneas específicas. Conhecer os sintomas, formas de transmissão e medidas preventivas é essencial para os pais e cuidadores.

Eritema Infecioso (Quinta Doença)
Agente Causador: Parvovírus B19.​

Transmissão: 
O vírus é transmitido principalmente por gotículas respiratórias, como tosse e espirros, e pelo contacto direto com secreções de indivíduos infetados.​

Manifestações Clínicas:
Fase Inicial: Muitas crianças não apresentam sintomas significativos antes do aparecimento do exantema. Algumas podem ter sintomas leves semelhantes aos de uma constipação, como febre baixa, mal-estar geral e dor de cabeça.​
Exantema Facial: A característica mais marcante é uma erupção vermelha brilhante nas bochechas, dando a aparência de "face esbofeteada".​
Exantema Corporal: Após 1 a 4 dias, surge um exantema reticulado (em forma de renda) nos membros e tronco, que pode desaparecer e reaparecer nas semanas seguintes, especialmente com a exposição ao calor ou ao sol.​
Diagnóstico:
Geralmente clínico, baseado na aparência típica do exantema. Em casos duvidosos, testes laboratoriais podem ser realizados para detetar anticorpos específicos contra o parvovírus B19.​

Tratamento:
Não há tratamento antiviral específico. O tratamento é sintomático, incluindo antipiréticos para febre e analgésicos para desconforto.​ A maioria das crianças recupera sem complicações.
Prevenção:
Não existe vacina disponível contra o parvovírus B19.​
Medidas gerais de higiene, como lavar as mãos regularmente e evitar o contacto próximo com pessoas infetadas, ajudam a prevenir a transmissão.​ A particularidade desta doença em termos de transmissão é que a criança está em fase contagiosa antes de surgirem as manchas. A partir desse momento, já não contagia.




Doença Pés-Mãos-Boca
Agentes Causadores: Vírus do género Enterovírus, sendo o Coxsackievirus A16 e o Enterovírus 71 os mais comuns.​

Transmissão:
Ocorre através do contacto direto com secreções nasais e faríngeas, saliva, líquido das vesículas ou fezes de indivíduos infetados. A transmissão também pode ocorrer por contacto com superfícies contaminadas.​

Manifestações Clínicas:
Sintomas Iniciais: Febre baixa (por vezes elevada nos primeiros dias), mal-estar, dor de garganta e, por vezes, perda de apetite.​
Exantema e Lesões: Após 1 a 2 dias do início da febre, surgem pequenas vesículas dolorosas na boca (estomatite), que podem evoluir para úlceras. Simultaneamente, aparecem erupções cutâneas nas palmas das mãos, plantas dos pés e, ocasionalmente, nas nádegas e área genital. Estas lesões podem ser vesiculares ou maculopapulares.​

Diagnóstico: 
Baseia-se na apresentação clínica típica. Em casos atípicos ou complicados, pode-se recorrer a exames laboratoriais para identificar o vírus.​

Tratamento:
Não existe tratamento antiviral específico. O tratamento é de suporte, visando aliviar os sintomas.​ Analgésicos e antipiréticos podem ser administrados para aliviar a dor e a febre.​
É fundamental manter a criança bem hidratada, oferecendo líquidos frios e alimentos macios para minimizar o desconforto oral.​

Prevenção:
Não há vacina disponível para a Doença Mão-Pé-Boca.​
Medidas preventivas incluem lavar as mãos frequentemente, especialmente após trocar fraldas ou usar o WC, e limpar e desinfetar superfícies e objetos tocados com frequência.​
Crianças infetadas devem ser mantidas afastadas de creches ou escolas durante a fase aguda da doença para evitar a disseminação.​


Nota: Este artigo é informativo e não substitui a consulta médica.​


segunda-feira, 10 de março de 2025

Doenças exantemáticas na infância – parte 2: Escarlatina e Exantema Súbito

As doenças exantemáticas são infeções comuns na infância que causam febre associada a manchas avermelhadas na pele. São altamente contagiosas e podem ser transmitidas por gotículas de saliva, contacto direto ou superfícies contaminadas. Algumas destas doenças podem ser prevenidas por vacinação, enquanto outras exigem um tratamento adequado para evitar complicações.

Nesta segunda parte da nossa série sobre doenças exantemáticas, exploramos a Escarlatina e o Exantema Súbito, aprofundando os seus sintomas, diagnóstico e opções de tratamento.

Escarlatina – Infeção pelo Estreptococo do Grupo A

A escarlatina é a única doença exantemática bacteriana aqui descrita. É causada pelo Streptococcus pyogenes, a mesma bactéria que causa faringite/amigdalite estreptocócica. Apesar de ser mais comum em crianças entre os 5 e os 15 anos, pode afetar qualquer idade. Sem tratamento adequado, pode levar a complicações graves.
🩺 Apresentação Clínica:
🔹 Início com dor de garganta intensa e febre alta (acima de 38,5ºC); 
🔹 Exantema de pequenas pintas vermelhas (1–2 mm) que tornam a pele áspera ao toque ("tipo lixa"); 
🔹 Erupção inícia-se no pescoço e tronco, alastrando-se para os braços e pernas; 
🔹 A erupção intensifica-se nas pregas da pele, como axilas, virilhas e cotovelos (Linhas de Pastia); 
🔹 Língua inicialmente esbranquiçada com revestimento espesso, evoluindo para um vermelho intenso com papilas salientes ("língua em morango"); 
🔹 Gânglios linfáticos aumentados e sensíveis.

📌 Diagnóstico:

O diagnóstico é clínico, baseado nos sintomas característicos. Em alguns casos, pode ser necessário um teste rápido para estreptococo ou uma cultura da garganta para confirmação laboratorial.

📌 Tratamento:
✅ Antibióticos essenciais! Penicilina ou amoxicilina por 10 dias, mesmo que os sintomas melhorem antes; 
✅ Alívio dos sintomas: Antipiréticos para febre e analgésicos para dor de garganta (paracetamol ou ibuprofeno); 
✅ Hidratação e repouso: Oferecer líquidos em abundância e alimentos suaves para evitar irritação da garganta; 
✅ Evitar partilha de objetos pessoais, como copos e talheres, para reduzir o risco de contágio.
💡 Após 24 horas de antibiótico, a criança deixa de ser contagiosa, mas deve completar pelo menos 48 horas antes de regressar à escola.

Exantema Súbito (Roséola Infantil – "Sexta Doença")

O exantema súbito, também conhecido como roséola infantil, é causado pelo vírus HHV-6 (Herpesvírus humano tipo 6). Afeta principalmente bebés e crianças pequenas entre os 6 meses e os 3 anos de idade. A sua principal característica é a febre alta seguida do surgimento de manchas rosadas na pele.

🩺 Apresentação Clínica:
🔹 Febre alta repentina, frequentemente acima dos 39°C, que dura de 3 a 5 dias; 
🔹 Durante a febre, a criança pode apresentar irritabilidade, ligeira congestão nasal e perda de apetite; 
🔹 Quando a febre desaparece, surge o exantema – manchas róseas no tronco, pescoço e braços, podendo espalhar-se para o rosto; 
🔹 O exantema não causa comichão, não descama e desaparece espontaneamente em 1 a 3 dias; 
🔹 A criança melhora rapidamente assim que a febre cessa, mesmo com o corpo coberto de manchas.

📌 Diagnóstico:
O diagnóstico é clínico e baseado na evolução típica da doença: febre elevada que desaparece subitamente, seguida pelo surgimento das manchas.

📌 Tratamento:
✅ Baixar a febre com antipiréticos como paracetamol ou ibuprofeno; 
✅ Manter a hidratação – oferecer leite, água e sumos naturais para evitar desidratação; 
✅ Banhos mornos podem ajudar a baixar a febre, evitando sempre água fria, que pode causar desconforto; 
✅ Repouso relativo durante o período febril.

💡 O exantema súbito pode causar convulsões febris devido à febre alta, especialmente em bebés, pelo que é essencial controlar a temperatura corporal e procurar ajuda médica caso ocorram episódios convulsivos.

📢 Na próxima publicação, falaremos sobre Eritema Infecioso e Doença Pés-Mãos-Boca!

sexta-feira, 7 de março de 2025

Vírus e Bactérias: o que são e como nos infetam? 🦠🧬🔬

O que são vírus e bactérias? 🦠🧐💡

Vírus e bactérias são microrganismos com características e comportamentos distintos. Embora frequentemente mencionados juntos, apresentam diferenças fundamentais na sua estrutura, funcionamento e impacto na saúde humana.

- Bactérias: são organismos unicelulares que sobrevivem e se reproduzem autonomamente em diversos ambientes. Estão presentes em praticamente todos os ecossistemas, incluindo o solo, a água e o corpo humano. Algumas bactérias são benéficas, como as do trato digestivo, enquanto outras podem causar doenças, como amigdalite, pneumonia e infeções urinárias.

- Vírus: contrariamente às bactérias, os vírus não são considerados seres vivos porque não possuem metabolismo próprio. Para se multiplicarem, precisam de invadir células hospedeiras e usar os seus organelos para se multiplicarem. Alguns dos vírus mais conhecidos incluem o da gripe, do sarampo e o SARS-CoV-2 (COVID-19). Além disso, existem vírus menos comuns, como o vírus da febre de Lassa, que pode causar febres hemorrágicas em regiões da África, e o vírus Nipah, associado a surtos no Sudeste Asiático.

Como sobrevivem no ambiente? 🌍🛡️⏳

A capacidade de sobrevivência de vírus e bactérias fora do corpo humano depende de fatores como temperatura, humidade e tipo de superfície.

- Vírus: Geralmente, sobrevivem por curtos períodos fora do corpo. Por exemplo, o vírus da gripe pode persistir até 48 horas em superfícies não porosas, enquanto o coronavírus pode resistir vários dias em condições ideais. Já o VIH tem uma sobrevivência muito curta fora do corpo humano, tornando sua transmissão por superfícies praticamente inexistente.

- Bactérias: Dependendo da espécie, algumas podem sobreviver dias ou semanas em ambientes húmidos e quentes. Algumas bactérias formam esporos, estruturas altamente resistentes que lhes permitem persistir por longos períodos em condições adversas.

Como ocorrem as infeções?

Compreender como os vírus e as bactérias entram no organismo é essencial para prevenir infeções. A transmissão pode ocorrer de várias formas:

- Contato direto: Algumas doenças, como gripe e COVID-19, transmitem-se por beijos, abraços ou apertos de mão. No entanto, infeções como o VIH não se transmitem por esse tipo de contato, pois requerem a troca de fluidos corporais.

- Transmissão pelo ar: Vírus como os da gripe, COVID-19 e sarampo espalham-se através de gotículas expelidas ao tossir, espirrar ou falar. Estas gotículas podem ser inaladas diretamente por outra pessoa ou depositar-se em superfícies.

- Superfícies contaminadas: Alguns vírus e bactérias sobrevivem em objetos como maçanetas, telemóveis e brinquedos, sendo transferidos quando tocamos nesses itens e depois levamos a mão ao rosto.

- Alimentos e água contaminados: Bactérias como a *Salmonella* e vírus como o da hepatite A podem ser ingeridos através de alimentos mal lavados, mal cozinhados ou água contaminada.

- Vetores como insetos e animais: Algumas doenças são transmitidas por picadas de insetos, como a malária (mosquitos), a doença de Lyme (carrapatos) e a dengue (mosquitos *Aedes*), ou pelo contato com animais infetados, como a leptospirose (urina de roedores).

Como nos protegemos das bactérias e vírus no dia-a-dia? 🛡️👨‍⚕️✨

Onde estão e como ocorre a contaminação?🚇🏥🏫
Os vírus e bactérias estão espalhados por quase todos os ambientes, mas o risco de infeção é maior em locais com grande circulação de pessoas. Estudos demonstram que vírus respiratórios podem persistir em superfícies como maçanetas e corrimãos por várias horas, aumentando a transmissão em espaços como escolas e transportes públicos. Em hospitais, onde há contacto frequente com indivíduos doentes, a carga microbiana é significativamente mais elevada, tornando as medidas de higiene ainda mais essenciais.

Como podemos reduzir o risco de infeção? 🧼💉🚪

Existem medidas simples e eficazes que podem ser adotadas diariamente para reduzir a exposição a vírus e bactérias:

- Higiene das mãos: Lavar as mãos com água e sabão reduz significativamente o risco de infeção.

- Vacinação: Protege contra diversas doenças virais e bacterianas.

- Ambientes ventilados: Diminuem a concentração de agentes infeciosos no ar.

- Etiqueta respiratória: Tossir ou espirrar para o cotovelo evita a disseminação de gotículas contaminadas. Uso de máscara quando se está com tosse ou pingo no nariz.

- Higienização de superfícies: Limpar regularmente áreas de contacto frequente reduz a propagação de microrganismos.


A adoção de hábitos de higiene e cuidados básicos no dia a dia reduz significativamente a transmissão de vírus e bactérias, garantindo um ambiente mais seguro para todos. A informação e a prevenção são as melhores ferramentas para manter a saúde e evitar surtos de doenças infeciosas. 
💡🔬💙

terça-feira, 4 de março de 2025

Manchas ...e mais pintas: as doenças infeciosas exantemáticas da infância. Parte 1.

Doenças exantemáticas são infeções na infância que causam febre associada a manchas ou pintinhas avermelhadas na pele (exantema). São transmitidas facilmente de pessoa a pessoa, mas muitas podem ser prevenidas por vacinação – como é o caso do sarampo, rubéola e varicela.

A seguir, detalharemos as características das principais doenças exantemáticas infantis, com orientações sobre sintomas, diagnóstico, tratamento de suporte e medicações específicas quando necessárias. Em cada caso, reforça-se a importância da hidratação, do controlo da febre e do alívio do desconforto, além de medidas específicas. Lembre-se que vacinar as crianças conforme o calendário é a forma mais eficaz de as proteger dessas doenças.

Devido ao facto de serem várias doenças e o texto ficar demasiado comprido, o tema foi subdividido em 3 partes:

1) Parte 1: Sarampo, Rubéola e Varicela.

2) Parte 2: Escarlatina e Exantema Súbito.

3) Parte 3: Eritema Infecioso e Doença Pés-Mãos-Boca.

Sarampo – Vírus do Sarampo

Apresentação clínica: O sarampo é uma doença viral altamente contagiosa que pode ser grave. Os sintomas iniciais incluem febre alta (acima de 38,5°C), mal-estar, coriza, tosse seca e conjuntivite. Pequenas manchas brancas na mucosa da boca (manchas de Koplik) podem aparecer. Após 3 a 5 dias, surge o exantema: manchas vermelhas começam na face (atrás das orelhas) e se espalham para todo o corpo. A criança costuma ficar muito abatida.

Diagnóstico: É clínico, baseado nos sintomas e rash típico; exames serológicos podem confirmar.

Tratamento: Não há tratamento específico antiviral para o sarampo. O tratamento é sintomático e de suporte: repouso, líquidos abundantes e antipiréticos/analgésicos para febre e dores (como paracetamol). Em casos indicados, o médico pode prescrever vitamina A para reduzir a gravidade. Febre persistente após o aparecimento das manchas é um sinal de alerta para complicações.

Terapêutica sintomática: Manter a criança bem hidratada, controlar a febre com antitérmicos e aliviar a congestão nasal.

Terapêutica antimicrobiana: Não se usam antivirais específicos; caso ocorram infeções secundárias (por exemplo, pneumonia bacteriana), antibióticos serão indicados pelo médico.

Prevenção: Vacina VASPR (sarampo, papeira, rubéola) aplicada aos 12 meses e 5 anos – fundamental para evitar a doença!

Rubéola – Vírus da Rubéola

Apresentação clínica: A rubéola é uma doença viral geralmente ligeira em crianças. Causa febre baixa, mal-estar, gânglios inchados atrás das orelhas (ínguas) e um exantema rosado no rosto que se espalha pelo tronco, durando cerca de 3 dias. A face pode apresentar vermelhidão discreta e a área ao redor da boca fica pálida. É comum a criança estar bem ou com sintomas ligeiros; em muitos casos a infeção pode até passar despercebida.

Diagnóstico: Clinicamente pelos sintomas e rash maculopapular típico. Pode-se confirmar com exame de sangue (serologia IgM/IgG) especialmente em casos duvidosos ou na gravidez.

Tratamento: Não há tratamento específico para a rubéola – a doença é autolimitada e os sintomas costumam ser benignos. O tratamento foca no alívio dos sintomas: repouso, hidratação e medicamentos para febre e dor conforme necessidade (antitérmicos/analgésicos como paracetamol ou ibuprofeno, prescritos pelo pediatra). Comichão, se presente, pode ser aliviada com loções calmantes e/ou anti-histamínico oral.

Terapêutica sintomática: Manter a criança confortável, em repouso e bem hidratada; usar compressas mornas para aliviar dores nas articulações se ocorrerem (mais comum em adolescentes).

Terapêutica antimicrobiana: Por ser doença viral, não se usam antivirais específicos nem antibióticos (estes só são necessários se alguma complicação bacteriana ocorrer, o que é raro).

Prevenção: VASPR – graças à vacinação em massa, a rubéola foi eliminada em muitos países.

Atenção: Embora ligeira na infância, a rubéola na gravidez pode causar graves malformações congénitas no bebé (síndrome da rubéola congénita) - por isso é crucial a vacinação.

Varicela (Catapora) – Vírus da Varicela-Zoster

Apresentação clínica: A varicela é uma infeção viral muito contagiosa, geralmente benigna em crianças. Inicia-se com febre moderada, mal-estar e surgimento de lesões de pele características: pequenas manchas vermelhas que evoluem para vesículas (bolhas cheias de líquido) e depois formam crostas. As lesões aparecem em surtos sucessivos, espalhando-se por todo o corpo (inclusive couro cabeludo, face e mucosas) – é comum observar lesões em diferentes estágios ao mesmo tempo. A criança costuma apresentar comichão intensa.

Diagnóstico: É essencialmente clínico, pelo aparecimento típico das lesões em vários estágios, nomeadamente da vesícula tão característica. Em caso de dúvida, exames laboratoriais (serologia) confirmam.

Tratamento: O foco é no alívio dos sintomas e prevenção de infeções secundárias. As principais medidas de cuidados em casa incluem:

Controlo da febre e dor: uso de antipiréticos e analgésicos prescritos (paracetamol é preferido). Não ofereça ibuprofeno a crianças com varicela, devido ao risco de Síndrome de Reye.

Alívio da Comichão: Manter as unhas da criança curtas e limpas e, se necessário, usar luvas, para evitar que ela se coce e infecione as lesões. Banhos frios ou mornos podem aliviar; podem-se usar cremes ou loções para acalmar a pele; uso de anti-histamínicos orais também conferem alívio.

Hidratação e repouso: Oferecer líquidos para prevenir desidratação, e manter a criança em repouso enquanto tiver febre ou indisposição.

Terapêutica antimicrobiana: Antibióticos não têm efeito sobre o vírus da varicela, mas podem ser necessários se alguma lesão de pele infecionar (impetiginização por bactérias) – por isso é importante evitar que a criança coce e cause feridas.

Terapêutica antiviral: Antiviral específico (aciclovir), principalmente se for uma criança mais velha, adolescente ou pessoa com risco de complicações. O aciclovir ajuda a encurtar a duração da doença e reduzir a gravidade se iniciado nas primeiras 24/48h após o surgimento do exantema.

Evolução: A varicela geralmente dura cerca de 7 a 10 dias. As vesículas secam e formam crostas que caem sozinhas; evite removê-las para não deixar cicatrizes. Se a febre durar mais que 4 dias ou passar de 39°C deve ser observada clinicamente.

Prevenção: A vacina evita a maioria dos casos ou garante que a doença ocorra de forma bem mais ligeira. Tem indicações específicas consoante os países. Em Portugal recomenda-se em determinadas patologias e em adolescentes acima dos 10 anos sem história da doença.


(continua...)



 

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