domingo, 26 de janeiro de 2025

Portava-se tão bem e... as Birras!!!

A infância é um período desafiante para as crianças e para os pais. No seio familiar, procura-se segurança e carinho, testam-se regras e limites, promove-se independência, experimentam-se emoções e situações que replicam a vida em sociedade e a interação com os pares. Na educação de uma criança em idade pré-escolar importa fazer uso de toda a sensibilidade, atenção e competência, por forma a estimular comportamentos positivos – sociais, emocionais, académicos, entre outros. Para alguns problemas comuns do comportamento infantil, podem ser úteis abordagens parentais específicas, comprovadamente mais eficazes. Neste artigo falaremos de birras e desobediência.

As birras e a desobediência ocorrem no normal desenvolvimento das crianças e atingem o auge durante os “terríveis dois anos”. É um indício saudável de que a criança procura autoafirmar-se. Ainda assim, uma abordagem correta e assertiva é importante para evitar que a desobediência ocasional descambe em longas lutas de poder que ensinam as crianças a resistir à maioria dos pedidos dos adultos. A persistência da desobediência tem sido associada a famílias com poucas regras e pais altamente permissivos ou, por outro lado, famílias com demasiadas regras e uma disciplina excessivamente rigorosa.

Dicas sempre úteis

  • Reduza o número de regras e concentre-se nas mais importantes, certificando-se de que são realistas e apropriadas para a idade do seu filho.

  • Dê ordens claras, específicas e positivas, explicando em detalhe os comportamentos que deseja ver o seu filho a adotar: “Vai para a cama, por favor” ou “Fala em voz baixa”, por exemplo.

  • Evite ordens vagas, negativas e críticas, como: “Porta-te bem” ou “Senta-te quieto ao menos uma vez na vida”.

  • Evite ordens em tom de pergunta, que implicam uma opção de não cumprimento. Por exemplo: “Não queres ir para a cama agora?”.

  • Dê-lhe tempo, se possível. Tal como os adultos, as crianças têm dificuldade em largar de repente uma atividade interessante. Um lembrete ou aviso algum tempo antes da ordem ajuda o seu filho a fazer as transições. Por exemplo: “Mais cinco minutos e são horas de ir para a cama”.

  • Elogie o cumprimento das ordens. Em geral, os pais dão atenção às crianças quando estas desobedecem e ignoram quando elas cumprem. Inverta esta situação, para que o seu filho sinta maior ganho em obedecer.

  • Estabeleça programas de reforço, com o qual recebem pontos ou autocolantes de cada vez que obedecem. Estes são colecionados e trocados por itens de uma lista de recompensas simbólicas, que não devem ser guloseimas nem dinheiro (mais uma história ao deitar ou um jogo consigo, por exemplo).

  • Nas crianças mais obstinadas, estabeleça um “tempo de pausa” como consequência. Afaste a criança da atenção dos adultos durante um breve período (máximo de 5 minutos, sendo que geralmente se adota 1 minuto por cada ano de idade da criança), dando-lhe a oportunidade para recuperar a calma, refletir sobre o seu comportamento e ponderar outras soluções. É uma abordagem de gestão da raiva/frustração que lhe será útil ao longo de toda a vida. Explique-lhe claramente quais os comportamentos que levam ao “tempo de pausa”. Em geral, serão: desobediência acentuada, comportamento de oposição/desafio, agressões ou atitudes destrutivas.

  • Prepare-se para ser testado. Tente ignorar os protestos menores, como resmungar enquanto cumpre a tarefa.

  • Dê o exemplo. Não se esqueça que modelar o comportamento desejado é uma das estratégias de ensino mais eficazes. Por exemplo, se a mãe chama a família para a mesa e o marido não vem porque quer acabar uma tarefa que tinha em mãos, está a dar um exemplo de incumprimento.

  • Aceite o temperamento do seu filho. O nível de atividade, disposição, grau de intensidade emocional, adaptabilidade, impulsividade e persistência podem variar muito dentro de um espetro considerado normal. Por exemplo: pais de crianças mais impulsivas podem ajudá-las a comportar-se adequadamente e a canalizar a sua energia num sentido positivo, mas não podem nem devem querer mudá-las.
  • O poder parental deve ser utilizado de forma responsável. Para se sentirem seguras, as crianças pequenas precisam de supervisão e disciplina firme. Esta consiste em ensinar-lhes que o mau comportamento tem consequências, mas simultaneamente fazê- las perceber que são amadas e se espera delas um melhor comportamento no futuro. Por outro lado, as crianças devem ter alguma liberdade para exercer poder de decisão no seio familiar (o que comer, o que vestir, etc.). Se nunca tiverem esta oportunidade, inevitavelmente surgirão comportamentos de oposição. A chave está no equilíbrio, em promover relações de cooperação na família e estimular a autoconfiança e autonomia das crianças. 

Por último, educar exige sensibilidade. Não há duas situações iguais. Pais sensíveis encaram os filhos de forma positiva, criam laços familiares fortes, transmitem competências sociais e emocionais e constroem alicerces para o futuro.

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