sexta-feira, 7 de março de 2025

Vírus e Bactérias: o que são e como nos infetam? 🦠🧬🔬

O que são vírus e bactérias? 🦠🧐💡

Vírus e bactérias são microrganismos com características e comportamentos distintos. Embora frequentemente mencionados juntos, apresentam diferenças fundamentais na sua estrutura, funcionamento e impacto na saúde humana.

- Bactérias: são organismos unicelulares que sobrevivem e se reproduzem autonomamente em diversos ambientes. Estão presentes em praticamente todos os ecossistemas, incluindo o solo, a água e o corpo humano. Algumas bactérias são benéficas, como as do trato digestivo, enquanto outras podem causar doenças, como amigdalite, pneumonia e infeções urinárias.

- Vírus: contrariamente às bactérias, os vírus não são considerados seres vivos porque não possuem metabolismo próprio. Para se multiplicarem, precisam de invadir células hospedeiras e usar os seus organelos para se multiplicarem. Alguns dos vírus mais conhecidos incluem o da gripe, do sarampo e o SARS-CoV-2 (COVID-19). Além disso, existem vírus menos comuns, como o vírus da febre de Lassa, que pode causar febres hemorrágicas em regiões da África, e o vírus Nipah, associado a surtos no Sudeste Asiático.

Como sobrevivem no ambiente? 🌍🛡️⏳

A capacidade de sobrevivência de vírus e bactérias fora do corpo humano depende de fatores como temperatura, humidade e tipo de superfície.

- Vírus: Geralmente, sobrevivem por curtos períodos fora do corpo. Por exemplo, o vírus da gripe pode persistir até 48 horas em superfícies não porosas, enquanto o coronavírus pode resistir vários dias em condições ideais. Já o VIH tem uma sobrevivência muito curta fora do corpo humano, tornando sua transmissão por superfícies praticamente inexistente.

- Bactérias: Dependendo da espécie, algumas podem sobreviver dias ou semanas em ambientes húmidos e quentes. Algumas bactérias formam esporos, estruturas altamente resistentes que lhes permitem persistir por longos períodos em condições adversas.

Como ocorrem as infeções?

Compreender como os vírus e as bactérias entram no organismo é essencial para prevenir infeções. A transmissão pode ocorrer de várias formas:

- Contato direto: Algumas doenças, como gripe e COVID-19, transmitem-se por beijos, abraços ou apertos de mão. No entanto, infeções como o VIH não se transmitem por esse tipo de contato, pois requerem a troca de fluidos corporais.

- Transmissão pelo ar: Vírus como os da gripe, COVID-19 e sarampo espalham-se através de gotículas expelidas ao tossir, espirrar ou falar. Estas gotículas podem ser inaladas diretamente por outra pessoa ou depositar-se em superfícies.

- Superfícies contaminadas: Alguns vírus e bactérias sobrevivem em objetos como maçanetas, telemóveis e brinquedos, sendo transferidos quando tocamos nesses itens e depois levamos a mão ao rosto.

- Alimentos e água contaminados: Bactérias como a *Salmonella* e vírus como o da hepatite A podem ser ingeridos através de alimentos mal lavados, mal cozinhados ou água contaminada.

- Vetores como insetos e animais: Algumas doenças são transmitidas por picadas de insetos, como a malária (mosquitos), a doença de Lyme (carrapatos) e a dengue (mosquitos *Aedes*), ou pelo contato com animais infetados, como a leptospirose (urina de roedores).

Como nos protegemos das bactérias e vírus no dia-a-dia? 🛡️👨‍⚕️✨

Onde estão e como ocorre a contaminação?🚇🏥🏫
Os vírus e bactérias estão espalhados por quase todos os ambientes, mas o risco de infeção é maior em locais com grande circulação de pessoas. Estudos demonstram que vírus respiratórios podem persistir em superfícies como maçanetas e corrimãos por várias horas, aumentando a transmissão em espaços como escolas e transportes públicos. Em hospitais, onde há contacto frequente com indivíduos doentes, a carga microbiana é significativamente mais elevada, tornando as medidas de higiene ainda mais essenciais.

Como podemos reduzir o risco de infeção? 🧼💉🚪

Existem medidas simples e eficazes que podem ser adotadas diariamente para reduzir a exposição a vírus e bactérias:

- Higiene das mãos: Lavar as mãos com água e sabão reduz significativamente o risco de infeção.

- Vacinação: Protege contra diversas doenças virais e bacterianas.

- Ambientes ventilados: Diminuem a concentração de agentes infeciosos no ar.

- Etiqueta respiratória: Tossir ou espirrar para o cotovelo evita a disseminação de gotículas contaminadas. Uso de máscara quando se está com tosse ou pingo no nariz.

- Higienização de superfícies: Limpar regularmente áreas de contacto frequente reduz a propagação de microrganismos.


A adoção de hábitos de higiene e cuidados básicos no dia a dia reduz significativamente a transmissão de vírus e bactérias, garantindo um ambiente mais seguro para todos. A informação e a prevenção são as melhores ferramentas para manter a saúde e evitar surtos de doenças infeciosas. 
💡🔬💙

terça-feira, 4 de março de 2025

Manchas ...e mais pintas: as doenças infeciosas exantemáticas da infância. Parte 1.

Doenças exantemáticas são infeções na infância que causam febre associada a manchas ou pintinhas avermelhadas na pele (exantema). São transmitidas facilmente de pessoa a pessoa, mas muitas podem ser prevenidas por vacinação – como é o caso do sarampo, rubéola e varicela.

A seguir, detalharemos as características das principais doenças exantemáticas infantis, com orientações sobre sintomas, diagnóstico, tratamento de suporte e medicações específicas quando necessárias. Em cada caso, reforça-se a importância da hidratação, do controlo da febre e do alívio do desconforto, além de medidas específicas. Lembre-se que vacinar as crianças conforme o calendário é a forma mais eficaz de as proteger dessas doenças.

Devido ao facto de serem várias doenças e o texto ficar demasiado comprido, o tema foi subdividido em 3 partes:

1) Parte 1: Sarampo, Rubéola e Varicela.

2) Parte 2: Escarlatina e Exantema Súbito.

3) Parte 3: Eritema Infecioso e Doença Pés-Mãos-Boca.

Sarampo – Vírus do Sarampo

Apresentação clínica: O sarampo é uma doença viral altamente contagiosa que pode ser grave. Os sintomas iniciais incluem febre alta (acima de 38,5°C), mal-estar, coriza, tosse seca e conjuntivite. Pequenas manchas brancas na mucosa da boca (manchas de Koplik) podem aparecer. Após 3 a 5 dias, surge o exantema: manchas vermelhas começam na face (atrás das orelhas) e se espalham para todo o corpo. A criança costuma ficar muito abatida.

Diagnóstico: É clínico, baseado nos sintomas e rash típico; exames serológicos podem confirmar.

Tratamento: Não há tratamento específico antiviral para o sarampo. O tratamento é sintomático e de suporte: repouso, líquidos abundantes e antipiréticos/analgésicos para febre e dores (como paracetamol). Em casos indicados, o médico pode prescrever vitamina A para reduzir a gravidade. Febre persistente após o aparecimento das manchas é um sinal de alerta para complicações.

Terapêutica sintomática: Manter a criança bem hidratada, controlar a febre com antitérmicos e aliviar a congestão nasal.

Terapêutica antimicrobiana: Não se usam antivirais específicos; caso ocorram infeções secundárias (por exemplo, pneumonia bacteriana), antibióticos serão indicados pelo médico.

Prevenção: Vacina VASPR (sarampo, papeira, rubéola) aplicada aos 12 meses e 5 anos – fundamental para evitar a doença!

Rubéola – Vírus da Rubéola

Apresentação clínica: A rubéola é uma doença viral geralmente ligeira em crianças. Causa febre baixa, mal-estar, gânglios inchados atrás das orelhas (ínguas) e um exantema rosado no rosto que se espalha pelo tronco, durando cerca de 3 dias. A face pode apresentar vermelhidão discreta e a área ao redor da boca fica pálida. É comum a criança estar bem ou com sintomas ligeiros; em muitos casos a infeção pode até passar despercebida.

Diagnóstico: Clinicamente pelos sintomas e rash maculopapular típico. Pode-se confirmar com exame de sangue (serologia IgM/IgG) especialmente em casos duvidosos ou na gravidez.

Tratamento: Não há tratamento específico para a rubéola – a doença é autolimitada e os sintomas costumam ser benignos. O tratamento foca no alívio dos sintomas: repouso, hidratação e medicamentos para febre e dor conforme necessidade (antitérmicos/analgésicos como paracetamol ou ibuprofeno, prescritos pelo pediatra). Comichão, se presente, pode ser aliviada com loções calmantes e/ou anti-histamínico oral.

Terapêutica sintomática: Manter a criança confortável, em repouso e bem hidratada; usar compressas mornas para aliviar dores nas articulações se ocorrerem (mais comum em adolescentes).

Terapêutica antimicrobiana: Por ser doença viral, não se usam antivirais específicos nem antibióticos (estes só são necessários se alguma complicação bacteriana ocorrer, o que é raro).

Prevenção: VASPR – graças à vacinação em massa, a rubéola foi eliminada em muitos países.

Atenção: Embora ligeira na infância, a rubéola na gravidez pode causar graves malformações congénitas no bebé (síndrome da rubéola congénita) - por isso é crucial a vacinação.

Varicela (Catapora) – Vírus da Varicela-Zoster

Apresentação clínica: A varicela é uma infeção viral muito contagiosa, geralmente benigna em crianças. Inicia-se com febre moderada, mal-estar e surgimento de lesões de pele características: pequenas manchas vermelhas que evoluem para vesículas (bolhas cheias de líquido) e depois formam crostas. As lesões aparecem em surtos sucessivos, espalhando-se por todo o corpo (inclusive couro cabeludo, face e mucosas) – é comum observar lesões em diferentes estágios ao mesmo tempo. A criança costuma apresentar comichão intensa.

Diagnóstico: É essencialmente clínico, pelo aparecimento típico das lesões em vários estágios, nomeadamente da vesícula tão característica. Em caso de dúvida, exames laboratoriais (serologia) confirmam.

Tratamento: O foco é no alívio dos sintomas e prevenção de infeções secundárias. As principais medidas de cuidados em casa incluem:

Controlo da febre e dor: uso de antipiréticos e analgésicos prescritos (paracetamol é preferido). Não ofereça ibuprofeno a crianças com varicela, devido ao risco de Síndrome de Reye.

Alívio da Comichão: Manter as unhas da criança curtas e limpas e, se necessário, usar luvas, para evitar que ela se coce e infecione as lesões. Banhos frios ou mornos podem aliviar; podem-se usar cremes ou loções para acalmar a pele; uso de anti-histamínicos orais também conferem alívio.

Hidratação e repouso: Oferecer líquidos para prevenir desidratação, e manter a criança em repouso enquanto tiver febre ou indisposição.

Terapêutica antimicrobiana: Antibióticos não têm efeito sobre o vírus da varicela, mas podem ser necessários se alguma lesão de pele infecionar (impetiginização por bactérias) – por isso é importante evitar que a criança coce e cause feridas.

Terapêutica antiviral: Antiviral específico (aciclovir), principalmente se for uma criança mais velha, adolescente ou pessoa com risco de complicações. O aciclovir ajuda a encurtar a duração da doença e reduzir a gravidade se iniciado nas primeiras 24/48h após o surgimento do exantema.

Evolução: A varicela geralmente dura cerca de 7 a 10 dias. As vesículas secam e formam crostas que caem sozinhas; evite removê-las para não deixar cicatrizes. Se a febre durar mais que 4 dias ou passar de 39°C deve ser observada clinicamente.

Prevenção: A vacina evita a maioria dos casos ou garante que a doença ocorra de forma bem mais ligeira. Tem indicações específicas consoante os países. Em Portugal recomenda-se em determinadas patologias e em adolescentes acima dos 10 anos sem história da doença.


(continua...)



 

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

"Ninguém me ouve...Ninguém me entende!" - Adolescência e Obstáculos ao bom diálogo

 


No caminho para a independência, muitos erros se cometem pelo caminho e é expectável que assim seja! 

Embora se pense que os adolescentes não querem conversar com os pais, tal dependerá muito mais da relação que têm com estes e da forma como se sentem acolhidos e respeitados neste seu processo, que muitas ansiedades gera! 

O diálogo é essencial! Mas os jovens não querem que lhes digamos como pensar. querem quem os escutem! A tentação, enquanto pais, e porque queremos o melhor para os nossos filhos é analisar, corrigir, aconselhar... É quando se ouve o desabafo do adolescente "Ninguém me ouve, ninguém me entende...!". E a verdade é que não está a mentir, está a comunicar o que sente. 

A intenção dos pais pode ser a mais positiva do mundo mas, inconscientemente, o que o jovem interpreta é algo bem diferente! 

Deixamos o seguinte exemplo: na tentativa de proteger o adolescente de um problema, os pais tentam distraí-lo afirmando algo do género "Pensa agora em coisas boas..." "Não penses nisso agora, vamos falar de outra coisa..." "Isso já passa" "Não é assim tão mau". A mensagem que o adolescente grava é "não acredito que consigas lidar com esta situação." ou "O que sentes não faz sentido". Resultado: o adolescente sente-se invalidado e desvalorizado. 


A nossa recomendação?

Primeiro ouça. Entretanto, se não controlar o impulso de ter de dizer algo, pergunte "Queres saber o que eu faria nessa situação?". Se a resposta for positiva, esta pode ser uma opção à participação nas reflexões dos adolescentes de uma forma menos invasiva.

Lembre-se:

A adolescência é uma idade em que qualquer resistência ou contradição do adulto pode ser considerada ofensiva. Um bom diálogo significa conversar com a pessoa e não para ela! 







O luto na infância - como lidar de forma consciente

A parentalidade consciente convida-nos a estar verdadeiramente presentes e acolher as emoções das crianças com empatia e autenticidade. No l...