domingo, 1 de dezembro de 2024

Uso de Ecrãs em Crianças: - Compreender os Riscos e Encontrar o Equilíbrio

Nos últimos anos, a presença de dispositivos tecnológicos no cotidiano infantil tem aumentado exponencialmente, trazendo consigo desafios significativos para o desenvolvimento saudável das crianças. Compreender o impacto dos ecrãs requer uma análise cuidadosa dos seus benefícios e riscos.




Riscos do Uso Excessivo de Ecrãs

A exposição prolongada e descontrolada a dispositivos eletrónicos pode comprometer diversos aspetos cruciais do desenvolvimento infantil:

- Desenvolvimento Cognitivo e Linguístico

• Atraso na aquisição da linguagem

• Vocabulário mais restrito

• Dificuldades na compreensão verbal

• Menor capacidade narrativa


- Desenvolvimento Social e Emocional

• Redução das interações presenciais

• Maior risco de comportamentos de hiperatividade

• Potencial aumento de quadros de ansiedade e depressão

• Dificuldades em gerir momentos de tédio e frustração


- Saúde Física

• Sedentarismo

• Limitação do desenvolvimento motor

• Fadiga ocular

• Perturbações do ciclo sono-vigília

• Potencial aumento do risco de obesidade


Uso Razoável e Recomendações

Especialistas, como a Sociedade Portuguesa de Neuropediatria, recomendam abordagens específicas por faixa etária:

0-3 Anos

• Evitar completamente, exceto videochamadas

• Máximo 30 minutos de televisão diária, com supervisão parental

• Interação ativa e presencial como prioridade


4-6 Anos

• Limitar a 30 minutos diários

• Conteúdos educativos e supervisionados

• Contextualização dos conteúdos pelo adulto


7-15 Anos

• Até 1-2 horas diárias

• Controlo parental de conteúdos

• Manutenção de atividades físicas e sociais


Estratégias Práticas para Pais

1. Estabelecer limites claros e consistentes

2. Ser modelo de uso equilibrado de tecnologia

3. Promover atividades alternativas:

    o Brincadeiras tradicionais

    o Leitura

    o Jogos interativos presenciais

    o Atividade física

4. Supervisionar e interagir com conteúdos digitais

5. Criar zonas e momentos livres de ecrãs (refeições, quartos, antes de dormir)


Benefícios Potenciais

Quando usado moderadamente, o mundo digital pode oferecer:

• Ferramentas educativas interativas

• Desenvolvimento de competências tecnológicas

• Conexão com familiares à distância

• Apoio em algumas condições de neurodesenvolvimento


Conclusão

A chave está no equilíbrio. As tecnologias não devem substituir, mas complementar o desenvolvimento infantil. A supervisão parental atenta, o diálogo aberto e a promoção de experiências online são fundamentais para uma relação saudável com o mundo digital.

"Ecrãs? SIM, mas com a atitude certa!"

Vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR). Ótima novidade no PNV.

    O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é um agente frequente de infeção respiratória em crianças, especialmente durante o outono e inverno. Embora geralmente cause sintomas leves, pode levar a doenças graves como bronquiolite e pneumonia em bebés, prematuros e crianças com certas condições médicas. [1-3]

  Para combater o VSR, Portugal implementou um programa de imunização sazonal utilizando o anticorpo monoclonal nirsevimab (Beyfortus®). [4, 5] Este anticorpo de longa duração previne doenças graves do trato respiratório inferior causadas pelo VSR. [4, 6]

Para que grupos é gratuita e recomendada?

• Grupo A: Todas as crianças nascidas entre 1 de agosto de 2024 e 31 de março de 2025. [7]

• Grupo B: Todas as crianças prematuras com idade gestacional até 33 semanas + 6 dias, nascidas entre 1 de janeiro e 31 de julho de 2024. [7]

• Grupo C: Crianças com menos de 2 anos (até 30 de setembro de 2024) que apresentam outros fatores de risco para infeção grave por VSR, como doenças cardíacas, pulmonares, neuromusculares ou imunossupressão. [8]

  A imunização ocorre durante a época sazonal do VSR, entre 1 de outubro de 2024 e 31 de março de 2025. [9] A administração do nirsevimab é feita por via intramuscular. A dose varia de acordo com o peso da criança: 50 mg para crianças com menos de 5 kg e 100 mg para crianças com 5 kg ou mais. [10]

O nirsevimab pode ser administrado ao mesmo tempo que outras vacinas pediátricas de rotina. [11, 12] No entanto, deve ser administrado com uma seringa separada e num local de injeção diferente. [12, 13]

  A proteção conferida pelo nirsevimab dura pelo menos 5 meses. [14]

Efeitos secundários

  O nirsevimab geralmente é bem tolerado. A reação adversa mais frequente é erupção cutânea ligeira a moderada. [15] Também pode ocorrer febre e reações no local da injeção. [15]

  É importante lembrar que a vacinação contra o VSR não substitui as medidas gerais de prevenção, como a lavagem frequente das mãos e a etiqueta respiratória. [16]


(resumo do documento da DGS realizado em Setembro de 2024; não substitui aconselhamento médico)


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quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Como agir perante a criança que vomita?

🤔 O que é o vómito?
O vómito é um sintoma que resulta da expulsão forçada do conteúdo do estômago pela boca. Nas crianças, raramente ocorre de forma isolada, sendo mais comum falarmos em episódios de vómitos (no plural). É um sintoma muito frequente na infância e, embora possa ser alarmante, na maioria das vezes não indica uma situação grave. A causa mais comum é a infeção viral do trato gastrointestinal — algo que os pais já ouviram (ou ouvirão) muitas vezes!

🎯 Quais as suas características?

Os vómitos podem variar em intensidade e frequência:
• Podem ser ocasionais (ex: gastrite) ou repetitivos (sugerindo algo mais grave).
• A cor e a consistência ajudam a identificar a causa: por exemplo, vómitos esverdeados ou com sangue requerem avaliação médica urgente.

🦠 E as causas mais frequentes?
Em idade pediátrica, as principais causas incluem:
1) Gastroenterites víricas ou bacterianas
2) Intoxicações alimentares
3) Alergias alimentares
4) Refluxo gastroesofágico
5) Enxaquecas
6) Enjoos de movimento (em viagens)
Em adolescentes, podem surgir causas adicionais como:
1) Stress ou ansiedade
2) Distúrbios alimentares como anorexia e bulimia — cada vez mais relevantes e importantes de reconhecer precocemente. 

🏠 O que fazer em casa?
A prioridade é prevenir a desidratação:
1. Fazer uma pausa alimentar de cerca de 1 hora após o episódio de vómito — sem líquidos nem sólidos.

2. Após essa pausa, oferecer líquidos em pequenas quantidades, de forma regular:
  • Uma colher de chá (5 ml) a cada 5 minutos é um bom começo.
  • As soluções de reidratação oral são as mais indicadas para repor líquidos e sais minerais.
  • Evitar sumos de fruta, refrigerantes ou bebidas açucaradas.
3. Quando os vómitos cessarem, reintroduzir a alimentação de forma gradual:
  • Começar com alimentos leves: banana, bolachas de água e sal, arroz simples.
  • Evitar alimentos gordurosos, condimentados ou refeições muito volumosas nos primeiros dias.
  • Retomar a alimentação normal progressivamente.
🚨 Quando procurar ajuda médica?
Contactar o médico nas seguintes situações:
  • 👶 Bebés com menos de 3 meses com vómitos
  • 🤢 Vómitos persistentes, mesmo após pausa alimentar e tentativa de hidratação oral
  • 💧 Sinais de desidratação: boca seca, ausência de lágrimas, urina escassa, olhos encovados, sonolência ou irritabilidade
  • 🩸 Presença de sangue nos vómitos ou conteúdo de cor verde (possível obstrução intestinal)
  • 🌡️ Vómitos acompanhados de:
1) Febre alta persistente
2) Dor abdominal intensa
3) Rigidez no pescoço
4) Manchas na pele (púrpura)
5) Estes sinais podem indicar uma condição mais grave que requer avaliação médica urgente.

📌 Uma nota muito importante!
Mais importante do que descobrir de imediato a causa do vómito, é garantir que não há sinais de alarme e que a criança recupera bem — na maioria das vezes, trata-se de uma infeção viral autolimitada. Se os vómitos forem persistentes ou recorrentes, deve ser feita avaliação médica — em urgência ou consulta programada, conforme o quadro clínico. Nessas situações, é então importante investigar as causas mais profundas.

ℹ️ Nota final
Este artigo tem carácter meramente informativo e não substitui a observação médica presencial.

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