quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Adolescência & Independência: Um Percurso Gradual

A conquista da independência é uma das tarefas mais importantes da adolescência. Por mais desafiante que seja observar os nossos filhos a crescerem, é fundamental para o seu bem-estar e para a saúde das nossas relações que respeitemos esta progressiva autonomia. Quando os tentamos controlar em demasia, eles rebelam-se. Quando supervisionamos a sua segurança enquanto os orientamos rumo à independência por vezes de forma ativa, outras vezes dando-lhes espaço eles valorizam o nosso apoio.

São as questões quotidianas, mesmo as aparentemente triviais, que desencadeiam a maioria dos conflitos entre pais e filhos, mas também proporcionam oportunidades para promover a autonomia. O vosso filho pode considerar que deve ter um novo privilégio apenas porque atingiu determinada idade ou porque os amigos já o têm, mas pode não possuir ainda as competências necessárias para gerir a situação.

A adolescência é naturalmente preenchida com momentos de tentativa e erro e, em última análise, de sucesso. O desafio dos pais consiste em garantir que o filho aprenda com os erros do dia-a-dia, em vez de os encarar como catástrofes. Em simultâneo, é necessário manter a vigilância para ajudar o adolescente a evitar erros que possam causar danos irreparáveis.

Para determinar quando o vosso filho está preparado para assumir um novo desafio, é fundamental reconhecer se existem condições suficientes para aumentar as probabilidades de sucesso. Por exemplo, um pedido do vosso filho de 14 anos para passar a tarde no centro comercial não dependerá apenas da idade, mas sim se lhe ensinaram, através do vosso exemplo, a gerir dinheiro com sensatez e a tratar os outros com respeito.

É importante utilizar uma abordagem progressiva para permitir que o vosso filho demonstre que está preparado para assumir mais responsabilidades. Uma estratégia cuidadosa e gradual ajudará tanto o filho como os pais a ganharem confiança.

Ensinar Responsabilidade e Autonomia

À medida que os adolescentes conquistam os privilégios da idade adulta, precisam de compreender as responsabilidades que os acompanham. As decisões dos adultos têm consequências, positivas e negativas, com as quais terão de lidar.

Como pais, é necessário:
- Reduzir a realização de tarefas que os adolescentes podem fazer autonomamente

- Permitir que as consequências naturais das suas ações aconteçam

- Estabelecer uma mesada regular, sem extras, incentivando a gestão financeira responsável

- Ensinar estratégias de organização
- Auxiliar na tomada de decisões, analisando opções e consequências

Construindo uma Relação Adulta

À medida que os filhos se tornam adultos, a dinâmica familiar deve evoluir. O objectivo é desenvolver uma relação de respeito mútuo entre adultos. É importante manter o diálogo aberto, partilhar experiências e continuar a demonstrar interesse pela vida uns dos outros.

Em casa, é fundamental estabelecer regras claras de convivência, garantir que todos contribuem para as tarefas domésticas e respeitar o espaço individual de cada um. Os adolescentes precisam de um espaço próprio para se expressarem e desenvolverem o seu sentido de autodisciplina.

A segurança continuará sempre a ser uma preocupação dos pais, mas os adolescentes devem começar a assumir responsabilidade pela sua própria segurança, compreendendo e respeitando limites estabelecidos, como horários de regresso a casa.

Esta jornada rumo à independência é simultaneamente estimulante e desafiante para pais e adolescentes. Com uma abordagem equilibrada entre supervisão e autonomia, podemos ajudar os nossos filhos a tornarem-se adultos responsáveis e independentes. 



domingo, 26 de janeiro de 2025

Portava-se tão bem e... as Birras!!!

A infância é um período desafiante para as crianças e para os pais. No seio familiar, procura-se segurança e carinho, testam-se regras e limites, promove-se independência, experimentam-se emoções e situações que replicam a vida em sociedade e a interação com os pares. Na educação de uma criança em idade pré-escolar importa fazer uso de toda a sensibilidade, atenção e competência, por forma a estimular comportamentos positivos – sociais, emocionais, académicos, entre outros. Para alguns problemas comuns do comportamento infantil, podem ser úteis abordagens parentais específicas, comprovadamente mais eficazes. Neste artigo falaremos de birras e desobediência.

As birras e a desobediência ocorrem no normal desenvolvimento das crianças e atingem o auge durante os “terríveis dois anos”. É um indício saudável de que a criança procura autoafirmar-se. Ainda assim, uma abordagem correta e assertiva é importante para evitar que a desobediência ocasional descambe em longas lutas de poder que ensinam as crianças a resistir à maioria dos pedidos dos adultos. A persistência da desobediência tem sido associada a famílias com poucas regras e pais altamente permissivos ou, por outro lado, famílias com demasiadas regras e uma disciplina excessivamente rigorosa.

Dicas sempre úteis

  • Reduza o número de regras e concentre-se nas mais importantes, certificando-se de que são realistas e apropriadas para a idade do seu filho.

  • Dê ordens claras, específicas e positivas, explicando em detalhe os comportamentos que deseja ver o seu filho a adotar: “Vai para a cama, por favor” ou “Fala em voz baixa”, por exemplo.

  • Evite ordens vagas, negativas e críticas, como: “Porta-te bem” ou “Senta-te quieto ao menos uma vez na vida”.

  • Evite ordens em tom de pergunta, que implicam uma opção de não cumprimento. Por exemplo: “Não queres ir para a cama agora?”.

  • Dê-lhe tempo, se possível. Tal como os adultos, as crianças têm dificuldade em largar de repente uma atividade interessante. Um lembrete ou aviso algum tempo antes da ordem ajuda o seu filho a fazer as transições. Por exemplo: “Mais cinco minutos e são horas de ir para a cama”.

  • Elogie o cumprimento das ordens. Em geral, os pais dão atenção às crianças quando estas desobedecem e ignoram quando elas cumprem. Inverta esta situação, para que o seu filho sinta maior ganho em obedecer.

  • Estabeleça programas de reforço, com o qual recebem pontos ou autocolantes de cada vez que obedecem. Estes são colecionados e trocados por itens de uma lista de recompensas simbólicas, que não devem ser guloseimas nem dinheiro (mais uma história ao deitar ou um jogo consigo, por exemplo).

  • Nas crianças mais obstinadas, estabeleça um “tempo de pausa” como consequência. Afaste a criança da atenção dos adultos durante um breve período (máximo de 5 minutos, sendo que geralmente se adota 1 minuto por cada ano de idade da criança), dando-lhe a oportunidade para recuperar a calma, refletir sobre o seu comportamento e ponderar outras soluções. É uma abordagem de gestão da raiva/frustração que lhe será útil ao longo de toda a vida. Explique-lhe claramente quais os comportamentos que levam ao “tempo de pausa”. Em geral, serão: desobediência acentuada, comportamento de oposição/desafio, agressões ou atitudes destrutivas.

  • Prepare-se para ser testado. Tente ignorar os protestos menores, como resmungar enquanto cumpre a tarefa.

  • Dê o exemplo. Não se esqueça que modelar o comportamento desejado é uma das estratégias de ensino mais eficazes. Por exemplo, se a mãe chama a família para a mesa e o marido não vem porque quer acabar uma tarefa que tinha em mãos, está a dar um exemplo de incumprimento.

  • Aceite o temperamento do seu filho. O nível de atividade, disposição, grau de intensidade emocional, adaptabilidade, impulsividade e persistência podem variar muito dentro de um espetro considerado normal. Por exemplo: pais de crianças mais impulsivas podem ajudá-las a comportar-se adequadamente e a canalizar a sua energia num sentido positivo, mas não podem nem devem querer mudá-las.
  • O poder parental deve ser utilizado de forma responsável. Para se sentirem seguras, as crianças pequenas precisam de supervisão e disciplina firme. Esta consiste em ensinar-lhes que o mau comportamento tem consequências, mas simultaneamente fazê- las perceber que são amadas e se espera delas um melhor comportamento no futuro. Por outro lado, as crianças devem ter alguma liberdade para exercer poder de decisão no seio familiar (o que comer, o que vestir, etc.). Se nunca tiverem esta oportunidade, inevitavelmente surgirão comportamentos de oposição. A chave está no equilíbrio, em promover relações de cooperação na família e estimular a autoconfiança e autonomia das crianças. 

Por último, educar exige sensibilidade. Não há duas situações iguais. Pais sensíveis encaram os filhos de forma positiva, criam laços familiares fortes, transmitem competências sociais e emocionais e constroem alicerces para o futuro.

Por falar em desafios: a criança desobediente.

De tempos a tempos, a maioria das crianças desafia os desejos dos pais. Isto faz parte do crescimento e do teste aos limites e expectativas dos adultos. É uma das formas das crianças aprenderem e descobrirem sobre si próprias, expressarem a sua individualidade e alcançarem um sentido de autonomia. À medida que experimentam as suas asas independentes e se envolvem em pequenos conflitos com os pais, descobrem os limites das regras parentais e do seu próprio autocontrolo.

No entanto, por vezes, estes conflitos são mais do que perturbações ocasionais e tornam-se num padrão de interação entre pais e filhos. A desobediência pode ter várias causas. Por vezes, deve-se a expectativas parentais irrealistas. Ou pode estar relacionada com o temperamento da criança, problemas escolares, stress familiar ou conflitos entre os pais.


O que os pais podem fazer

Quando tem uma criança cronicamente desobediente, examine as possíveis fontes da sua inquietação interior e rebeldia. Se este tem sido um padrão persistente que continuou até à idade escolar, avalie atentamente a sua situação familiar:

  1. Quanto respeito demonstram os membros da família uns pelos outros?
  2. Respeitam a privacidade, as ideias e os valores pessoais uns dos outros?
  3. Como é que a família resolve os seus conflitos?
  4. As divergências são resolvidas através de discussão racional, ou as pessoas discutem regularmente ou recorrem à violência?
  5. Qual é o seu estilo habitual de relacionamento com o seu filho, e que formas assume geralmente a disciplina?
  6. Qual a frequência de palmadas e gritos?
  7. Você e o seu filho têm personalidades e formas de estar no mundo muito diferentes que causam fricção entre vocês?
  8. O seu filho está a ter dificuldades em ter sucesso na escola ou em desenvolver amizades?
  9. A família está a passar por momentos particularmente stressantes?

Se o seu filho só recentemente começou a demonstrar falta de respeito e desobediência, diga-lhe que notou uma diferença no seu comportamento e que sente que ele está infeliz ou em dificuldades. Com a sua ajuda, tente determinar a causa específica da sua frustração ou perturbação. Este é o primeiro passo para o ajudar a mudar o seu comportamento.

A sua reação é importante

Se reagir às respostas do seu filho explodindo ou perdendo a calma, ele responderá com desobediência e falta de respeito. Pelo contrário, ele tornar-se-á mais obediente quando se mantiver calmo, cooperante e consistente. Ele aprenderá a ser respeitador se você for respeitador para com ele e os outros membros da família. Se ele se tornar desobediente e perder o controlo, imponha um tempo de pausa até que se acalme e recupere o autocontrolo.

Quando o seu filho é obediente e respeitador, elogie-o por esse comportamento. Recompense o comportamento que procura, incluindo a cooperação e a resolução de desacordos. Estes esforços positivos serão sempre muito mais bem-sucedidos do que a punição.


Quando procurar ajuda adicional

Para algumas crianças desobedientes, poderá ser necessário obter tratamento profissional de saúde mental - Psicologia Infantil numa primeira abordagem, acompanhada ou não de Pedopsiquiatria. Eis algumas situações em que o aconselhamento externo pode ser necessário:

  1. Se existir um padrão persistente e prolongado de desrespeito pela autoridade tanto na escola como em casa
  2. Se os padrões de desobediência continuarem apesar dos seus melhores esforços para encorajar o seu filho a comunicar os seus sentimentos negativos
  3. Se a desobediência e/ou falta de respeito de uma criança for acompanhada por agressividade e destruição
  4. Se uma criança mostrar sinais de infelicidade generalizada -- talvez falando em sentir- se em baixo, mal-amada, sem amigos ou até com pensamentos suicidas
  5. Se a sua família desenvolveu um padrão de resposta aos desacordos com abuso físico ou emocional
  6. Se você, o seu cônjuge ou filho usam álcool ou outras drogas para se sentirem melhor ou lidarem com o stress
  7. Se as relações dentro da sua família mostrarem sinais de dificuldade e falta de cooperação, então a terapia familiar pode estar indicada. 

Ao lidar com e resolver estes problemas numa idade jovem, pode minimizar e até prevenir lutas mais sérias que possam surgir quando os seus filhos alcançarem a adolescência. 

A chave é a identificação e o tratamento precoces!

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Aleitamento Materno: Recomendações, Benefícios e Conselhos Práticos

O aleitamento materno é uma das formas mais naturais e saudáveis de alimentar um recém-nascido. Durante os primeiros seis meses de vida, é recomendado que seja exclusivo, sem a necessidade de outros alimentos ou líquidos. Após os seis meses, pode ser combinado com alimentos sólidos até aos dois anos ou mais, dependendo da vontade da mãe e do bebé. Este tipo de alimentação oferece benefícios únicos tanto para a saúde do bebé como para a da mãe.🍎🥦👶


Benefícios do Aleitamento Materno

Para o bebé

1. Proteção contra infeções: O leite materno tem anticorpos que ajudam a proteger o bebé contra infeções, como otites, infeções respiratórias e gastroenterites.

2. Redução do risco de morte súbita: O aleitamento materno reduz em até 64% o risco de síndrome de morte súbita do lactente (SMSL).

3. Desenvolvimento cognitivo: Estudos mostram que as crianças amamentadas podem ter melhores resultados na escola e maior QI.

4. Prevenção de alergias e doenças crónicas: ajuda a reduzir as chances de desenvolver asma, eczema, diabetes e obesidade.

5. Saúde dentária: Contribui para dentes mais saudáveis e menos cáries.

6. Nutrição personalizada: O leite materno adapta-se às necessidades do bebé em cada fase do seu crescimento.
Para a mãe

1. Ajuda na recuperação pós-parto: Amamentar faz com que o útero volte ao tamanho normal mais rapidamente e reduz o risco de hemorragias.

2. Proteção contra certas doenças: As mães que amamentam têm menor risco de desenvolver cancros da mama e ovário, diabetes tipo 2 e hipertensão.

3. Promove o vínculo emocional: A proximidade durante a amamentação cria um laço especial entre a mãe e o bebé.

4. Efeito contracetivo natural: Durante os primeiros seis meses, a amamentação exclusiva pode atrasar o regresso da menstruação, ajudando na prevenção de novas gestações.

Como Garantir uma Amamentação Bem-Sucedida

Posições e pega correta

Para que a amamentação funcione bem, é importante que o bebé esteja na posição correta:
  • O bebé deve cobrir a maior parte da aréola com a boca. O mamilo deve estar totalmente dentro da boca do bebé a tocar o palato (céu-da-boca).
  • Os lábios devem estar virados para fora, e o queixo deve encostar no peito da mãe.
Posições confortáveis
  • Posição de embalo: Clássica e adequada para recém-nascidos. 
  • Posição invertida: Boa para aliviar desconforto nos seios.
  • Posição deitada: Ideal para amamentar durante a noite.



Dicas iniciais

  • Amamente logo na primeira hora após o parto para estimular a produção de leite.
  • Promova o rápido contato pele-a-pele.
  • Nos primeiros dias, o bebé ingerirá pequenas quantidades de leite, que aumentarão gradualmente.
  • Um bom sinal de que a amamentação está a funcionar é a troca de 6 a 8 fraldas molhadas por dia.
Como Resolver Dificuldades

1. Baixa produção de leite
  • Amamentar frequentemente ajuda a estimular a produção. 
  • Certifique-se de que está a beber muita água e a descansar.
  • Existe Suplementação. Aconselhe-se.
2. Dor nos mamilos
  • Verifique se o bebé está a fazer uma pega correta.
  • Utilize cremes apropriados ou aplique algumas gotas de leite materno nos mamilos para aliviar.
3. Mastite
  • Continue a amamentar para aliviar o ingurgitamento. 
  • Procure ajuda médica se tiver febre ou dor intensa.
4. Perda de peso no bebé
  • Nos primeiros dias, é normal que o bebé perca entre 5% a 10% do seu peso, que recupera até aos 15 dias de vida.
Benefícios Extra
  • O leite materno está sempre pronto, não necessita de preparação e é gratuito.
  • Ajuda o sistema digestivo do bebé a funcionar melhor e reduz as cólicas.
  • Liberta hormonas que promovem bem-estar tanto na mãe como no bebé.
Amamentação e Realidade Moderna

Como conciliar com o trabalho
  • Planeie extrações de leite durante o dia e armazene em recipientes esterilizados.
  • Identifique um espaço privado no trabalho onde possa fazer a extração de forma cómoda.

Amamentar em público
  • Utilize roupas para garantir mais conforto, se desejar.
  • A amamentação em público é um DIREITO e deve ser normalizada.
O Processo de Desmame

O desmame deve ser feito de forma gradual, substituindo uma mamada de cada vez por outros alimentos saudáveis. Durante esta transição, mantenha momentos de carinho e proximidade com o bebé para que ele se sinta seguro.

Combater Mitos
  • "Leite fraco": todo o leite materno tem a composição ideal para atender às necessidades do bebé.
  • "Amamentar dói sempre": A dor pode ser resolvida com ajustes na pega e na posição do bebé.
Conclusão

O aleitamento materno não é apenas uma forma de alimentar o bebé, mas também de criar laços emocionais fortes, proteger contra doenças e promover um crescimento saudável. Com as informações certas e o apoio adequado, amamentar é uma experiência recompensadora tanto para a mãe quanto para o bebé.

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL DOS 2 AOS 18 ANOS

👋🥗🌱 A alimentação tem um papel fundamental no crescimento saudável, no desenvolvimento cognitivo e emocional, e na prevenção de doenças a...