sábado, 21 de dezembro de 2024

Natal, Prendas e Comportamento. Qual a relação?

"Se te portas mal o Pai Natal não te traz presentes..."
"Olha que o Pai Natal vê tudo o que tu fazes..."
"Se não tirares boas notas diz adeus à prenda que pediste no Natal..."



Afirmações destas são comuns nas mais diversas conversas, seja em ambiente familiar, em locais públicos, nas salas de aula…. Valem uma boa reflexão tal é a angústia que muitas crianças e até os próprios pais sentem com o peso destas palavras!

Podemos colocar várias questões:

  • Porquê utilizar o Natal como recompensa ou castigo se não o é? Qual é afinal o verdadeiro espírito de Natal? O Natal é uma festa da família independentemente de tudo o que possa acontecer na nossa vida. Natal é amor, é família, é conexão, harmonia, é celebração!!! Valores mais altos se erguem do que um comportamento desadequado ou uma baixa nota escolar.
  • Por falar em notas escolares.... Será legítimo punir uma criança nos presentes de Natal se as verdadeiras causas do insucesso escolar residem na falta de motivação, gestão de tempo, gestão emocional, fatores do contexto, entre outras? Há vida para além da escola!
  • Porquê fazer ameaças às crianças se na maior parte das vezes não se cumpre? Ou os adultos passam por mentirosos ou entram em absoluto descrédito porque "falam, falam, falam e depois não é nada!"
  • Compreendendo e aceitando a importância de passar à criança a noção de consequência, não deverá esta estar diretamente associada ao comportamento em si? Além disso, refletir e investir nas soluções sempre dá mais resultado do que focar nos problemas! Porquê apenas punir e não incentivar? No final das contas, nós queremos que os nossos filhos aprendam conquistando experiência de vida e desenvolvendo consciência e não que se sintam castigados e mal-amados por atos que muitas vezes nem eles próprios ainda têm maturidade para compreender e controlar!
  • Mesmo que as crianças nem sempre tenham comportamentos "adequados" (e isto daria uma bela outra conversa!) também têm comportamentos maravilhosos e são maravilhosas!

Para quê complicar?

Natal é conexão ❤️

domingo, 15 de dezembro de 2024

Desta vez... é a Diarreia!

A diarreia é um problema comum na infância, caracterizada pelo aparecimento de fezes aquosas/amolecidas e/ou com maior frequência do que o habitual. 

Embora possa preocupar, na maioria dos casos, a diarreia é benigna e tem resolução espontânea. 

No entanto, é importante saber como identificar a diarreia, suas causas e quando procurar ajuda médica.

O que é a diarreia?

A diarreia ocorre quando as fezes são mais líquidas do que o normal e/ou surgem com maior frequência que o habitual. Pode ter diversas causas como infeções virais, bacterianas ou parasitárias, além de outros problemas de saúde.

Diarreia Aguda vs. Crónica: Qual a diferença?
  • Diarreia Aguda: Tem início súbito e dura poucos dias, geralmente até 2 semanas. É a forma mais comum em crianças e, na maioria das vezes, é causada por vírus (gastroenterite aguda de causa vírica).
  • Diarreia Crónica: Dura mais de duas semanas. Pode ter diversas causas, como alergias alimentares, intolerâncias, doenças inflamatórias intestinais e outras.
Principais Causas da Diarreia Aguda

As causas mais comuns da diarreia aguda são infeciosas e geralmente autolimitadas:
  • Vírus: Rotavírus, Norovirus, Adenovírus. São os principais causadores de diarreia aguda em crianças.
  • Bactérias: Salmonella, Shigella, Campylobacter, Escherichia coli. A contaminação de alimentos ou água é a principal forma de transmissão. Causam diarreia sanguinolenta e febre elevada.
  • Parasitas: Giardia, Cryptosporidium. São menos comuns, mas podem causar diarreia aguda ou crónica.
  • Intoxicação alimentar: Ingestão de alimentos contaminados por toxinas bacterianas.
Principais Causas da Diarreia Crónica

As causas da diarreia crónica são mais variadas e podem exigir uma investigação mais aprofundada:
  • Intolerâncias alimentares: Lactose, frutose, celíaca.
  • Doenças inflamatórias intestinais: Doença de Chron, colite ulcerosa.
  • Síndrome do intestino irritável: Uma disfunção do intestino que causa dor abdominal e alterações no hábito intestinal.
  • Infeções crónicas: Parasitas, bactérias resistentes.
  • Medicamentos: Alguns medicamentos podem causar diarreia como efeito colateral (antibióticos, p.ex.)
Como gerir a diarreia em casa?
  • Hidratação: É fundamental repor os líquidos perdidos através de soros de reidratação oral (SRO).
  • Uso de Probióticos.
  • Dieta: Oferecer uma dieta leve, com alimentos fáceis de digerir, como arroz, banana e maçã cozida. Evitar alimentos gordurosos, produtos com lactose e alimentos ricos em fibra.
  • Repouso: Deixar a criança descansar.
  • Higiene: Lavar bem as mãos com água e sabão após ir ao banheiro e antes das refeições.
Quando Procurar Ajuda Médica?
  • Sinais de desidratação: boca seca, olhos fundos, 
  • Pouca urina, choro sem lágrimas.
  • Febre elevada e difícil de baixar.
  • Sangue nas fezes.
  • Vômitos persistentes.
  • Diarreia intensa e prolongada.
  • Dor abdominal intensa.
  • Diarreia Crónica: avaliar sempre!
Diarreia Crónica: A Importância da Avaliação Médica

A diarreia crónica exige uma avaliação médica completa para identificar a causa e iniciar o tratamento adequado. O médico pode solicitar exames como:
  • Exame de fezes: para identificar a presença de sangue, parasitas, vírus ou bactérias.
  • Exames de sangue: para avaliar a função renal, hepática e identificar marcadores inflamatórios, despiste de alergias alimentares e de doença celíaca.
  • Endoscopia alta e/ou baixa: para visualizar o interior do estomago, duodeno, reto e cólon, coletar amostras para análise.
Tratamento da Diarreia

O tratamento da diarreia depende da causa. Na diarreia aguda, o foco é na reidratação e no alívio dos sintomas. Na diarreia crónica, o tratamento é direcionado à causa subjacente.

#diarreia #pediatria #gastroenterite #cpc #pediatracoronado #pediatria


 - É importante referir que este texto tem caráter informativo e não substitui a avaliação médica - 




domingo, 1 de dezembro de 2024

Uso de Ecrãs em Crianças: - Compreender os Riscos e Encontrar o Equilíbrio

Nos últimos anos, a presença de dispositivos tecnológicos no cotidiano infantil tem aumentado exponencialmente, trazendo consigo desafios significativos para o desenvolvimento saudável das crianças. Compreender o impacto dos ecrãs requer uma análise cuidadosa dos seus benefícios e riscos.




Riscos do Uso Excessivo de Ecrãs

A exposição prolongada e descontrolada a dispositivos eletrónicos pode comprometer diversos aspetos cruciais do desenvolvimento infantil:

- Desenvolvimento Cognitivo e Linguístico

• Atraso na aquisição da linguagem

• Vocabulário mais restrito

• Dificuldades na compreensão verbal

• Menor capacidade narrativa


- Desenvolvimento Social e Emocional

• Redução das interações presenciais

• Maior risco de comportamentos de hiperatividade

• Potencial aumento de quadros de ansiedade e depressão

• Dificuldades em gerir momentos de tédio e frustração


- Saúde Física

• Sedentarismo

• Limitação do desenvolvimento motor

• Fadiga ocular

• Perturbações do ciclo sono-vigília

• Potencial aumento do risco de obesidade


Uso Razoável e Recomendações

Especialistas, como a Sociedade Portuguesa de Neuropediatria, recomendam abordagens específicas por faixa etária:

0-3 Anos

• Evitar completamente, exceto videochamadas

• Máximo 30 minutos de televisão diária, com supervisão parental

• Interação ativa e presencial como prioridade


4-6 Anos

• Limitar a 30 minutos diários

• Conteúdos educativos e supervisionados

• Contextualização dos conteúdos pelo adulto


7-15 Anos

• Até 1-2 horas diárias

• Controlo parental de conteúdos

• Manutenção de atividades físicas e sociais


Estratégias Práticas para Pais

1. Estabelecer limites claros e consistentes

2. Ser modelo de uso equilibrado de tecnologia

3. Promover atividades alternativas:

    o Brincadeiras tradicionais

    o Leitura

    o Jogos interativos presenciais

    o Atividade física

4. Supervisionar e interagir com conteúdos digitais

5. Criar zonas e momentos livres de ecrãs (refeições, quartos, antes de dormir)


Benefícios Potenciais

Quando usado moderadamente, o mundo digital pode oferecer:

• Ferramentas educativas interativas

• Desenvolvimento de competências tecnológicas

• Conexão com familiares à distância

• Apoio em algumas condições de neurodesenvolvimento


Conclusão

A chave está no equilíbrio. As tecnologias não devem substituir, mas complementar o desenvolvimento infantil. A supervisão parental atenta, o diálogo aberto e a promoção de experiências online são fundamentais para uma relação saudável com o mundo digital.

"Ecrãs? SIM, mas com a atitude certa!"

O luto na infância - como lidar de forma consciente

A parentalidade consciente convida-nos a estar verdadeiramente presentes e acolher as emoções das crianças com empatia e autenticidade. No l...